Diário do Alentejo

Despertar campeão
Opinião

Despertar campeão

José Saúde, jornalista

28 de maio 2023 - 10:30

O Despertar Sporting Clube, fundado a 20 de junho de 1920, é, inquestionavelmente, afirmamo-lo com segurança, a segunda coletividade na verídica configuração da Associação de Futebol de Beja (AFBeja), tendo só à sua frente o Luso Sporting Clube, cuja data de fundação foi no dia 16 de junho de 1916. Neste contexto, importa trazer a público esta inequívoca realidade e não desvirtuar a veracidade da nossa história desportiva, matéria que muito bem conheço resultante da minha intensa perseveração e do muito tempo gasto no recolhimento de informação futebolística regional, mercê, aliás, dos bastantes anos de diligente pesquisa, deixando, por isso, obras escritas para as gerações atuais e vindouras as contemplarem. Não vamos, pois, adulterar a razão dos factos, mas falar, em concreto, sobre o Despertar como o novo campeão da 1.ª divisão distrital, época 2022/2023, da AFBeja. Os seus primórdios remetem-nos para Manuel Gonçalves Peladinho, um homem que foi, de facto, o “maestro” de uma afinada orquestra e em que se assumiu como primeiro presidente da coletividade bejense.

O velhinho Despertar tem uma cronologia deveras encantadora, sendo que a sua origem surgiu através de uma fusão entre dois grupos de rapazes, quase todos operários, e cujas idades se situavam entre os 13 e os 15, sendo os seus nomes o “Libertário” e o “Infantil”. A curiosidade, embora sucinta, diz-nos que neste grupo havia simpatizantes do Benfica e do Sporting, sendo que a maioria era adepta do emblema de Alvalade, prevalecendo então que o nome da novel agremiação ficasse como Despertar Sporting Clube.

A questão do “Rasga”, como é vulgarmente conhecida, tem como princípio básico que ao longo da sua história, mormente no seu passado, as suas equipas terem sido formadas na base de gentes trabalhadoras, pessoas que envergavam quotidianamente o chamado “fato macaco”. Como um dos históricos do desporto regional, o Despertar foi ao longo da sua existência um clube eclético, sobressaindo dos seus estatutos que a modalidade de boxe jamais prevaleceu nos regulamentos, uma vez que entendiam os seus diretores que se tratava de uma especialidade que impunha dureza física, sendo que no futebol, em especial, as suas vitrines estão repletas de troféus que simbolizam, obviamente, as muitas vitórias conquistadas. No pretérito domingo, 21 de maio, a vitória por 1-0 no reduto do Moura Atlético Clube foi “a cereja no topo do bolo” que presenteou o Despertar como o vencedor da prova. Um golo obtido nos instantes finais de um jogo que tinha como sentido único a vitória dos despertarianos para erguer, no final, a taça do escalão maior da AFBeja. Seguem-se novos desafios, novos investimentos, sabendo que as infraestruturas, na sua plenitude, existem e, naturalmente, uma outra realidade que é, no fundo, uma competição nacional. Parabéns, Despertar campeão! 

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