Diário do Alentejo

Retratos desportivos
Opinião

Retratos desportivos

José Saúde, jornalista

16 de abril 2023 - 13:00

António Machado, poeta castelhano, Espanha, dizia, a certa altura numa das estrofes de «Proverbios y cantares», do livro Campos de Castilla, que “o caminho faz-se caminhando”, porque este, o caminho, só se faz ao caminhar, logo, desafiemos enigmas, estimulemos as nossas faculdades em toda a sua linha, ultrapassemos impedimentos e fixemo-nos na componente desportiva, razão pela qual ainda vou debitando textos enquanto a minha paixão à arte o proporcionar. A amplitude do fenómeno desportivo é real, contempla modalidades que se estabeleceram com vontade e rigor, que se adaptaram consoante o evoluir dos tempos, sendo que a garra incutida pelos seus proficientes admiradores foi paulatinamente ganhando novas fórmulas de execução e dando azo para que as examinemos, com mestria, no presente.

Neste círculo desportivo em que há muito navegamos, a escrita é, na sua sucinta forma de expor acontecimentos em público, uma matéria fundamentalmente essencial onde as panóplias de emoções vagueiam com uma gigantesca celeridade humana por interioridades de vidas em que as sinuosidades dos tempos, assim como a sua multiplicidade das ocorrências, deixam substancialmente escrito que recordar é viver. E é nesta multiplicidade de factos que revejo imagens que são tão-só retratos desportivos do passado, que desbravo contextos, conto histórias de outrora, mas enquadrando-as com o presente. Na noite de 21 de julho de 1951, no ringue do jardim público de Beja, disputou-se um jogo de hóquei em patins entre o Desportivo de Beja e o Despertar. Não faremos eco, por razões que evidentemente desconhecemos sobre o resultado final, mas reportemo-nos, sim, à entrega dos jogadores ao longo do dérbi, assim como à ênfase do público em redor do ringue.

Os retratos desportivos que nos chegam são símbolos fiéis de como a modalidade se apresentava, à época, e a sua inata evolução. Nessas já longínquas temporadas, Beja mantinha em atividade do hóquei as coletividades do Ateneu, Desportivo, Despertar e o Pax Júlia. As noites passadas no jardim público, mormente no período do verão, sendo que o ar fresco recomendava o bem-estar da comunidade que se via confrontada com a elevada temperatura que impunha um refrescar dos corpos, apresentavam-se como um chamariz de pessoas que se entretinham com aqueles duelos. Os sticks, por vezes construídos pelos próprios hoquistas, debitavam inolvidáveis prazeres desportivos e os equipamentos ajustavam-se à presunção dos atletas. Certo é que a modalidade do hóquei se instalou na cidade, assim como em localidades do distrito, tais como Aljustrel, Castro Verde e Moura, sendo que na velha Pax Júlia é o Clube de Patinagem de Beja, fundado a 28 de julho de 1993, que detém as disciplinas do hóquei em patins e da patinagem artística em atividade.  

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