Diário do Alentejo

Ciclismo
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José Saúde, jornalista

31 de março 2023 - 16:00

É neste cosmopolita e globalizado reino desportista, mas que reiteradamente a todos agrada, sendo desde logo oportuno o saber compreender a amplitude do fenómeno irrecusavelmente gigantesco, que vagueamos pelos anais da história desportiva e somos levados por um sentimento nostálgico que nos remete para os primórdios das modalidades no distrito de Beja, neste caso o ciclismo. Nem tudo foram oceanos onde as caravelas navegavam à tona por mares pacíficos, mas onde pontificavam nem tão-só rosas, mas também impiedosos adamastores. No mundo contemporâneo existem problemas circunstanciais, mas tudo se recompõe a seu tempo. Prevalece a vontade daqueles que se entregam de alma e coração a uma causa por eles sonhada. A 40.ª Volta ao Alentejo em Bicicleta esteve na estrada. De Beja partiu, sendo que a derradeira etapa se registou em Castelo de Vide.

Por motivos óbvios, pois num outro espaço do “Diário do Alentejo” (“DA”) terá lugar a descrição pormenorizada de tão fantástico acontecimento, um evento que tive em tempos a honra em acompanhar ao longo de vários anos, citarei aqui o que vai na alma, mormente, bebendo conhecimentos de escritos legados pelo saudoso Melo Garrido, também diretor do “DA”, que na História do Desporto no Distrito de Beja centralizava atenções para o aparecimento do ciclismo na vila de Cuba no ano de 1904. Naquele tempo a diáspora do povo assentou arraiais na modalidade e a dinâmica criada dimensionou-se ao longo das épocas. Aliás, ainda hoje o ciclismo é visto em Cuba como uma modalidade querida, sendo o Centro de Ciclismo de Cuba a coletividade que dá voz à tradição. O cosmos do ciclismo sempre me fascinou. Vivi de perto a nossa “Alentejana” e conheci os seus princípios em que as autarquias desempenharam um trabalho de excelência. Por isso, conheço um pouco da sua história e a sua respetiva evolução. Quarenta edições que deram a conhecer ao mundo as nossas paisagens, a afabilidade das nossas gentes, a gastronomia alentejana, enfim, uma panóplia de circunstância que nos dá visibilidade. O serpentear do pelotão ao longo da planície é algo estonteante.

O cruzar cidades, vilas, aldeias e pequenos aglomerados e repararmo-nos com multidões de pessoas nas chegadas e partidas, ou ao longo de cada etapa, é, por certo, encantador. Anualmente, cada Volta ao Alentejo, agora incluída em provas ciclistas de uma dimensão maior, é um acontecimento que muito nos honra. E se é verdade que a dada altura que se receou pela continuidade da nossa “Alentejana”, não deixa de ser realidade que longe vão os tempos em que a Volta ao Alentejo foi uma prova em que o saudoso “tio” Manel da “Gaita”, um homem de Évora e que sempre se dedicou ao ciclismo, fora, de início, um dos grandes impulsionadores de uma volta que criou raízes e onde presentemente se constatam equipas de renome nacional e internacional. Que venha a próxima edição da Volta ao Alentejo em Bicicleta!  

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