Diário do Alentejo

Morreu o Hilton, o “minino”!
Opinião

Morreu o Hilton, o “minino”!

José Saúde, jornalista

25 de dezembro 2022 - 12:00

Morreu o Hilton, o “minino”, epíteto como habitualmente o povo o conhecia! Homem íntegro, simples, maravilhoso no trato, humilde e amigo do seu amigo. Neste momento de pesar prestemos- -lhe a merecidíssima homenagem. Recordemos então o seu trajeto futebolístico. O “minino” atravessou o Atlântico com uma mala cheia de sonhos, vindo da cidade de João Pessoa, Estado de Paraíba, no Brasil, e transportava no seu currículo o dom de bem jogar futebol. A sonhada Europa apresentava-se como uma indeclinável esperança e a sua fantasia de criança tornar-se-ia numa indubitável realidade. Hilton Targino da Silva, nasceu a 23 de setembro de 1948 e aportou em Lisboa a 25 de fevereiro de 1973. A sua chegada foi agitada, visto que o seu destino era Portimão, só que o indivíduo que o recebeu no aeroporto disse-lhe que o rumo seria Faro. O “minino” protestou, sentiu-se enganado, mas ao chegar à capital algarvia lá estava o presidente do Portimonense que o recebeu com pompa e circunstância.

Para trás ficava o seu ingresso, com 17 anos, na União de Itabaiani. Hilton, despertou, desde logo, cobiças que o conduziram a uma experiência no Botafogo de Paraíba, clube que disputava o Campeonato da I Divisão, tornando-se, de pronto, profissional. Num jogo contra o Santa Cruz de Recife, um empresário reparou no rapaz e lançou-lhe uma proposta para jogar em Portugal, indicando-lhe o Portimonense. O jovem, que havia jogado descalço nas ruas, aceitou o desafio, sendo que o contrato se fixou em 60 contos de “luvas” e 10 contos mensais. Portimão foi uma cidade que muito o aclamou. Cinco épocas ao serviço do emblema algarvio e a subida da agremiação ao escalão principal do futebol luso. Hilton, com o seu exímio malabarismo e jogadas estonteantes, deixava os adeptos em êxtase. Com uma conta bancária “atulhada” em ilusórios contos de reis, viajou de férias à sua terra natal, João Pessoa, comprou uma casa para a sua mãe e uma outra para a irmã. O “eldorado” português dava- -lhe um outro estatuto financeiro. Na temporada de 1978/1979 transitou para o Lusitano de Évora, que disputava o Campeonato Nacional da II Divisão, seguindo-se o Olhanense (duas épocas), Desportivo de Beja (cinco), Moura (três), Sobral da Adiça, Ervidel e Mina da Juliana.

Nesta fase final da carreira tudo se havia esgotado. O cofre da “fortuna” encontrava- -se vazio e lá vinha o recurso às afáveis dádivas, uma vez que os amigos jamais lhe viraram as costas. Com as botas arrumadas, eis o Hilton como contínuo da Escola Mário Beirão, em Beja. Por outro lado, o “minino” deslumbrava-se com os feitos futebolísticos do seu filho Tiago Targino, um miúdo que transitou do Desportivo para o Vitória de Guimarães, onde se afirmou como internacional nos escalões jovens de Portugal. Neste momento de pesar, resta-nos enviar as nossas sentidas condolências à família enlutada. Descansa em paz, meu amigo!   

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