Diário do Alentejo

Mito e realidade
Opinião

Mito e realidade

José Saúde, jornalista

15 de novembro 2022 - 12:00

A imprevisibilidade das nossas vidas é formatizada em pequenas “peças de teatro”, onde os seus ensaios permitem fortuitos e quiméricos sonhos. O incomensurável caminhar por entre ventosidades e tempestades, eleva-nos ante o suave cruzar do vento, entronizando em nós o indesmentível conhecimento entre o mito e a realidade e de onde resulta a feliz ideia que vale a pena termos nascido, sermos quem somos, não obstante a indubitável certeza do imponderável dia em que soará a notícia do fim das nossas vivências terrenas.

Fomos miúdos que imaginámos golpes mágicos no universo desportivo, que trilhámos o trampolim da notoriedade, mas eis que tudo derrapou para absolutas utopias, prevalecendo em nós a certeza do que restou dessa presença foi a experiência que ainda vibra nos nossos corações. Por outro lado, e é plenamente compreensível, que aceitemos o recurso a vias que paulatinamente nos vão chegando e nos trazem novidades acerca de um cosmos imenso, onde a sua originalidade é motivo para que dela aceitarmos a indispensável relevância. Recentemente estive com um antigo jogador do Desportivo de Beja, Arnaldo Barbas, que amável e gentilmente me fez chegar um documento histórico encontrado num alfarrabista, em Lisboa, e que depois mandou encadernar, um testemunho, aliás, que nos envia para os anos atléticos entre 1834 a 1924, neste cantinho à beira-mar plantado.

É claro que nas suas páginas já amarelecidas, algumas delas corroídas pelo tempo antiquado que ostentam, debitam um incalculável valor desportivo para todos aqueles que gostam do prodígio, mas inserida na generalidade das modalidades que teimam em crescer com a sua justa eficácia. Analiso e folheio o documento e, à primeira vista, existem pedaços históricos que tão bem se enquadram com os tempos presentes. O início do capítulo VII diz o seguinte: “Os exercícios de destreza muscular, os actos pessoais de desembaraço do físico, com a sua nota de valentia e audácia, tiveram sempre, no homem português, admirador, cultivador ou executante. O português entusiasma-se com exteriorizações de coragem e destemor; aprecia os momentos emotivos, onde haja temeridade e impulsivismo cultural;

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