Filho, disseste que se pudesses acabavas comos trovões, mas já pensaste que esses trovões podem ser um motivo de felicidade para outras pessoas, tal como tu gostas de chocolate? E que se acabasses com eles estavas a impedir que essas pessoas fossem felizes quando ouvem trovões?
Portanto, o teu gosto não pode anular o dos outros, ou seja, a liberdade que tens de não gostar de trovões não pode anular a liberdade de alguém gostar de trovões. É preciso haver cedências, tu não os obrigas a não gostar e os outros não te obrigam a gostar, é esta a simples solução. Mas presta atenção, mais tarde na tua vida vão surgir no teu caminho mulheres e homens que se acham donos dos chocolates ou dos trovões, e cada um deles vai dizer-te que os chocolates é que são bons ou que os trovões é que são bons. E então, como se acham mais importantes do que todos os outros, porque não entendem que a liberdade é poder fazer uma escolha sem anular aquilo que é diferente, vão começar, para ficarem mais fortes, a juntar do seu lado os que só gostam de chocolate, ou os que só gostam de trovões.
No teu caso, como tu gostas muito de chocolate, tentarão levar-te para esse lado, pareceria óbvio e natural que tu fosses, mas não vás, essas mulheres e esses homens que sabem tudo, que são donos de tudo, não te ensinarão a apreciar o chocolate, só te ensinarão a odiar os trovões. E quem sabe talvez um dia tu concluas que também há beleza e verdade nos trovões.