Diário do Alentejo

Sonho
Opinião

Sonho

Vítor Encarnação, professor

30 de julho 2022 - 17:00

Todos nós temos sonhos, desejos grandes de que coisas boas aconteçam, vontades fortes de que a realidade se transforme e se torne melhor. Esses anseios podem ser mais ou menos altruístas, mais ou menos secretos. Os mais comuns são sermos amados, termos saúde, dinheiro, casa, carro, profissão, sermos felizes, livres, podermos viajar. E depois há outros que não se enquadram nesta trivialidade, são desígnios mais estranhos, fantasias mais bizarras, assuntos de gente que matuta, questões do foro íntimo de quem não aceita existência nenhuma.

Ao longo da vida, resultado da maior ou menor eloquência que a idade nos permite, vamos mudando de ideias e os sonhos vão assumindo essências e formatos diferentes. O coração vai pondo alguns de parte, o cérebro anula outros, a memória esquece uns quantos, o corpo aceita o que é e quando se deita só já sonha com coisas já sonhadas. Apesar de não ir para novo, quando me deito só já sonho com coisas já sonhadas, no decorrer do tempo que me tem cabido viver fui realizando alguns devaneios, concretizando alguns objetivos, abandonando muitas quimeras, matando inúmeras ilusões. Já passei por sonhos banais, por sonhos excêntricos, por sonhos possíveis e por sonhos impossíveis. E agora tenho um sonho, um sonho terreno, o resultado de uma angústia, de uma dor de alma. Queria tanto ver de novo a Barragem do Monte da Rocha cheia de água e o poço a descarregar. Se fosse por mim, começava já a chover.

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