Longe vão os tempos em que a rapaziada jovem se divertia com o mundo da bola, defrontando então grupos de moços doutros bairros, ou crianças residentes em locais das proximidades de Beja. As viagens, nas manhãs domingueiras, e a pé, a Santa Clara do Louredo (Boavista) ou ao Penedo Gordo, eram triviais. Conheci essa indeclinável realidade. Éramos miúdos da escola primária e tudo havia sido dantes combinado.
Recordo algumas dessas idas, principalmente de uma exotérica jornada que, no retorno à cidade (vínhamos da Boavista), e ao longo do percurso começou a chover a “cântaros”, logo, como é óbvio, o grupo de aventureiros ficaram completamente encharcados. Nesses idos os campos, pelados, não tinham marcações e as balizas eram circunscritas por duas pedras que definiam um espaço onde a bola por lá não deviria passar. Alguns descalços outros com sapatos finos, a tática era bola para a frente e fé na qualidade dos protagonistas, mais habilidosos, no embate.
É compreensível que tudo é passado, aliás, um passado que nos faz reviver a forma digna como tudo se alteraria com o evoluir das épocas, principalmente quando a liberdade brotou neste país luso. Coloquemos um mata borrão nesse retrógrado tempo, galguemos décadas e falemos do Beja Cup, Torneio Infantil Cidade de Beja, uma competição levada a efeito pelo Desportivo de Beja e que evoluiu nos passados dias 10, 11 e 12, desde os escalões Sub-7 a Sub-14, terminando a 16 com a realização de um torneio feminino de Sub-16. Um evento que reuniu cerca de 800 jovens jogadores, mais 200 elementos, participantes estes que se dispersaram pelas quase 60 equipas presentes.
O Complexo Desportivo Fernando Mamede, o relvado e os dois sintéticos, a que acresce o campo de jogos do Bairro de Nossa Senhora da Conceição, foram os palcos anfitriões de uma circunstância que primou pela qualidade e que trouxe, genuinamente, uma outra ênfase no que ao futebol de formação diz respeito. Extraordinária foi, sem dúvida, a excelente entrega da Comissão Organizadora e todo o staff envolvido no insofismável acontecimento, um esmerado grupo de gentes que não se poupou a esforços, tendo em conta o número elevado de pessoas envolvidas na circunstância em causa. Todos que trabalharam, com afinco, são merecedores dos mais faustosos aplausos, ficando explícitos os nossos sinceros parabéns. Tanto mais que o Beja Cup trouxe à cidade milhares de visitantes que ao longo do fim de semana prolongado se espalharam pela urbe bejense, sendo positiva a sua estadia, quer no campo dos alojamentos, quer na restauração. Fica, portanto, o nosso impressionismo com o evoluir de um contexto que determina impecavelmente a sua verídica honorabilidade.