O futebol, ópio do povo, anda, em parte, conspurcado! Alguns dos barões que por lá militam são genuínos oportunistas e não há palavras que melhor possam definir estes barões. Alguns são dirigentes, outros intermediários e outros agentes. Utilizam os clubes, em proveito próprio, botam palavra e os adeptos, alguns, ainda aplaudem. Defendem que o homem é honesto; subiu a corda da vida a pulso; em tempo algum se meteu em alhadas; tem no coração as cores do clube que defende até à morte; é um eterno perseguido pela opinião pública, pela imprensa e, até, pelos adversários. É dono de várias empresas onde as jigajogas dos dinheiros branqueiam inimagináveis truques, mas sempre a salvo de senhores da alta finança; as dívidas, as deles, entram numa autêntica roda russa, mas que, entrementes, são apagadas do banco que lhes permite “usar” indiscretamente o erário público; depois, através de um mediador, negoceiam os jogadores, treinadores e envolvem-se em negócios escuros; os movimentos financeiros circulam através de “offshores” e com o dinheiro dos contribuintes lá vão fazendo uma vida faustosa, mas, por ironia do destino, um dia cai nas alçadas da justiça.
Os senhores das leis entram em campo, levam a mala cheia de viciados “remédios”, fazem uma primeira resistência, embora esbaforida, em defesa dos “lesionados” e lá se aprontam para defender o que, numa primeira instância, não parece, pressupostamente, defensável. Ontem rei, hoje sem trono, e eis-nos diante de autênticos malabaristas de circo, artistas que trabalham no arame com precisão, que conheceram tempos de glória e de famigeradas lutas “tribais”, mas donde escapava como um herói, porquanto as maquiavélicas promiscuidades lhes terão dado asas para voar alto, sendo que agora os artificies veem-se enrolados nas malhas da lei.
As virgens ofendidas, inocentes até os casos transitarem em julgado, saltam para o terreiro, qual ratos a saírem do porão, envergam capotes rotos, mas onde a pressuposta cura não consegue descobrir o trilho para que a bota possa bater certa com a perdigota.
A promiscuidade de um certo tipo de dirigentes nacionais que se implementaram no cosmos futebolístico leva os mais poderosos a esporádicas reações, onde a amostragem de um cartão encarnado simboliza compadrio com os mais eloquentes fidalgos que lideram emblemas que são enormes símbolos nacionais e internacionais. Símbolos que merecem o máximo de respeito, mas que são utilizados como meros trampolins para proveitos pessoais. Dizem os saberes do povo que tantas vezes o caldeirão vai ao fundo do poço que um dia lá deixa a asa. E o que se observa são literais paradigmas de como se gere o elevado universo desportivo. Por cá, leia-se, na nossa pacata região, os tais senhores, medianos “mecenas”, foram elites que o tempo ousou aniquilar, ficaram homens que se entregaram desinteressadamente à causa desportiva, tendo como fim o bem servir o seu povo.