Diário do Alentejo

Saúde: Dores musculares e articulares
Opinião

Saúde: Dores musculares e articulares

Mário Beja Santos , jurista e escritor

01 de fevereiro 2022 - 15:20

O que é de menor gravidade, nestas dores específicas, é praticamente do senso-comum, abarca as lesões de músculos e articulações, recuperáveis do curto ao médio termo. As de maior gravidade (praticamente todas elas correspondem a doenças crónicas) podem dar pelo nome de artrose (doença degenerativa das articulações), doenças do tecido conjuntivo (caso da artrite reumatoide), lúpus (doença autoimune com episódios de inflamações nas articulações) ou bursite (inflamação com dor de uma bolsa, que é um saco que contém liquido sinovial), por exemplo. Portanto, o que é de menor gravidade pode dar pelo nome de distensão muscular, a entorse ou a tendinite.

O que agora se pretende referenciar tem a ver com as dores reumáticas e socorro-me do mais recente boletim da Liga de Portuguesa Contra as Doenças Reumáticas que trata dos pés (a podologia é a ciência especializada na investigação, prevenção, diagnóstico e tratamento das alterações que afetam o pé e as suas repercussões no organismo humano). Recomenda-se a quem quer que seja que sofra de doenças reumáticas que deve ter acesso a este utilíssimo boletim (https://lpcdr. org.pt), ou caso pretenda qualquer apoio ou informação que estabeleça com esta associação de doentes contacto telefónico (925609940 ou 968061209).

Estima-se que cerca de três milhões de portugueses sofram de doenças reumáticas, há que lastimar o diagnóstico tardio e a falta de acessibilidade dos doentes às consultas de reumatologia; admite-se igualmente que existam cerca de 150 doenças ou síndromes de natureza reumática. Lembre-se também que o pé é uma estrutura delicada, mas complexa, que contém 26 ossos, 33 articulações e centenas de músculos, tendões e ligamentos que se interconectam e influenciam. A superfície plantar é a zona privilegiada do contacto do sistema locomotor com o solo, é a estrutura importante no controlo da postura.

Cabe à pedagogia um papel determinante no tratamento e acompanhamento de pessoas com doenças reumáticas, são muitas as suas manifestações nis pés destes doentes, variam entre os dedos em garra associados a um desequilíbrio da musculatura, com formação de calosidades no dorso dos dedos, o joanete. Reconheça-se que o envolvimento do pé nas doenças reumáticas requer uma equipa multidisciplinar para evitar a progressão das deformidades e o tratamento mais adequado. É de extrema importância que o doente esteja informado e o pedologista pode ajudar a evitar as deformidades dos pés, intervenção que pode incluir o aconselhamento do calçado, ensinamento de cuidados a ter com os pés, convenção de ortóteses e suportes plantares adaptados e persona- lizados conforme as deformidades presentes.

Este excelente número de revista oferece informações sobre joanetes, o que distingue um pé normal de um pé cavo ou pé chato, as palmilhas ortopédicas ou ortóteses plantares. Daqui se parte para a apresentação de doenças inflamatórias crónicas que afetam o andar ou alteram inevitavelmente a saúde dos pés, como é o caso das espondiloartrites (na artrite psoriática é comum a sintomatologia do pé, as alterações articulares são variáveis, em fases mais adiantadas há uma maior tendência para deformações do ante pé incluindo joanete e dedos em garra e pés valgos).

A publicação dá importantes informações sobre a artrite reumatoide e às artrites cristalinas, como é o caso da gota. A leitura deste boletim é da maior importância, como se vê.

 

*Informação adicional: Mário Beja Santos é escritor e toda a sua vida profissional esteve direcionada para a política dos consumidores, mais especificamente ligada à problemática dos direitos dos doentes e da literacia em saúde. 

 

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