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Vítor Encarnação, professor

13 de dezembro 2021 - 10:35

Dizia André Gide, Nobel da Literatura em 1947, que há “ Tantas pessoas que escrevem e tão poucas que leem!”. Perante esta aparente contradição fico estupefacto.

Olhando para tanta montra, tanta promoção, pergunto, afinal quem é que compra tanto livro, quem é que os lê?! Onde estão os leitores que eu não os encontro? Será que a publicação é apenas um negócio de folhas metidas dentro de uma capa? É um mistério.

Sou professor, trabalho com muitos alunos, conheço-lhes os hábitos, sei qual é a sua relação com os livros. Acham que um livro é uma maçada, um livro demora muito a chegar ao fim, não tem teclas de avanço rápido, não dá respostas rápidas e superficiais. Os alunos que contrariam este último parágrafo são exceções, contam-se pelos dedos, vão sendo uma espécie em vias de extinção, os guardiões de um fogo quase extinto. Falo com outros professores, falo com pais, com bibliotecários, falo com escritores, com livreiros cuja missão vai fraquejando, e pergunto-lhes onde estão os leitores e eles, todos eles, me dizem que não sabem, às vezes aparece um, às vezes conquista-se um. E por isso fico perplexo. Há aqui algo que não bate certo, esta desequilibrada lei da oferta e da procura faz-me espécie. Poucos, mas bons, é costume dizer-se. O problema é que na escrita e na leitura, poucos não chegam. Poucos é pouco para o futuro da cultura e do conhecimento e, obviamente, a História vai acabar mal.

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