Diário do Alentejo

Rir
Opinião

Rir

Vítor Encarnação, professor

06 de dezembro 2021 - 17:40

 

Sabermos rir de nós mesmos é imprescindível para atingirmos uma boa estabilidade emocional. Não nos devemos ter em pequena conta, não nos devemos apoucar ou sermos submissos, mas não podemos exagerar na importância que nos damos, exagerarmos na nossa avaliação é um passo para a presunção e a presunção tem pés de barro. Tantos que se quebram, tantos que se partem e desfazem em mil pedaços, o tempo e a verdade adoram partir pés de barro.

Quando nos levamos demasiado a sério, quando não sabemos rir das nossas próprias falhas e limitações, das nossas tristes figuras, da nossa falta de jeito, da nossa falta de elegância, da nossa falta de estilo, da ausência de gabarito, tornamo-nos rígidos, sérios superiores, cinzentos, fechamo-nos dentro da nossa petulância, ganhamos pose e falamos alto e usamos títulos e estalamos de vaidade e convencemo-nos de que fomos tocados por qualquer coisa divina, qualquer coisa universitária, qualquer coisa profissional, qualquer coisa política, qualquer coisa cultural, qualquer coisa intelectual, qualquer coisa de famílias, qualquer coisa nova-rica, qualquer coisa social, qualquer coisa moderna, qualquer coisa cara, qualquer coisa hierárquica. Mas é preciso ter em atenção que quando se perde a capacidade de rir de si mesmo, ela já não volta, parte-se para sempre como os pés de barro. Rir de si mesmo é uma grandeza de espirito e ajuda a não acumular frustrações. 

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