Na tentativa de acompanhar as rápidas mudanças da vida, julgo que a escola enquanto organização e sistema cede demasiado no ensino da língua portuguesa e tem vindo a desvalorizar o erro. Ao deixar de se exigir que se transmita um significado completo e compreensível, as palavras deixam também de estar relacionadas entre si. E esta débil forma vem, por norma, acompanhada de um insuficiente conteúdo.
Na era do digital não se escreve melhor. É óbvio que nenhuma geração pode ter a veleidade de achar que o seu tempo é o melhor, mas ainda assim não corro risco nenhum ao dizer que na era do digital a escrita empobreceu, apenas diz o básico e muitas vezes di-lo mal. Apesar das línguas não serem imutáveis, elas têm de ter um conjunto de regras que façam sentido e sejam seguidas e partilhadas pelos seus falantes. Só essa coesão permite o domínio pleno, ou pelo menos suficiente da língua. Por que é que a era digital tem de subverter a essência da língua? Para sermos mais rápidos, mais modernos? Não poderei eu mandar uma mensagem com as palavras todas no sítio?
Mas o problema fundamental não é a escrita digital em si, no seu contexto próprio, o problema fundamental é a transposição desse tipo de escrita para a escola, para as relações profissionais e institucionais. Nada é pior para a identidade, a liberdade e a cultura, do que um discurso encurtado, do que uma opinião abreviada