Diário do Alentejo

Reanimar a competição
Opinião

Reanimar a competição

José Saúde, jornalista

07 de outubro 2021 - 07:00

Numa caminhada pelo cosmos futebolístico sul alentejano constata-se que a Associação de Futebol de Beja (AF Beja) fora fundada a 30 de março de 1925, sendo que a primeira “ata” oficial só fora lavrada a 2 de março de 1926. A curiosidade deste fidedigno argumento que enche os nossos espíritos desportivos diz-nos que o primeiro elenco diretivo foi formado por uma comissão administrativa que integrava os nomes do tenente-coronel António Henriques de Meneses Soares, presidente, Artur da Silva Dias, vice-presidente, Guilherme Castelão de Almeida, João Brandão Soares, 1.º e 2.º secretários, Joaquim António do Monte, tesoureiro, António dos Reis Perianes e José Raposo Coroca, vogais.

 

Libertando o pó já latente em antiquadas historietas, observa-se que os trabalhos preparatórios que visaram a organização da ambicionada associação ocorreram na sede do Foot-Ball Clube Glória ou Morte, localizada na rua do Touro n.º 13, em Beja, sendo o seu primeiro presidente da AF Beja, Artur da Silva Dias (1926-1929), um homem que assumiu, também, o cargo de delegado da Federação Portuguesa de Futebol Amador.

 

Ao longo do percurso associativo têm-se verificado altos e baixos no que concerne, em particular, ao movimento competitivo, o que se aceita. Mas, o investimento feito pela AF Beja é visível, a que acresce, por outro lado, a expansão dos clubes que transcenderam todos os ímpetos iniciais. Começou-se pequeno, com um campeonato sénior onde os participantes se contavam pelos dedos de uma mão, mas eis que os novos símbolos foram dando à estampa, o exercício do jogo da bola expandiu-se pelo distrito e quando me deram o privilégio de ser o autor do livro “Associação de Futebol de Beja 90 Anos de Memórias e Relatos” trouxe a público 113 emblemas inscritos na corporação.

 

Falei de todos os clubes, da sua criação e, logicamente, das suas trajetórias. Viviam-se momentos de um autêntico êxtase. O futebol, ópio do povo, assumia-se como uma diversão deveras estonteante. Admito que, a dada altura, me pareceu existir pontuais divórcios entre o público e o deslumbramento de uma causa que sempre fascinou o mais incauto adepto. Todavia, as massas humanas entravam num qualquer recinto desportivo, aplaudiam os seus atletas e estes, no interior das quatro linhas, divertiam-se e todos jamais terão meditado num mal que se alastrou pelo mundo: a covid-19. Uma enfermidade que não deu tréguas e que levou o universo do desporto a uma constrangida pausa.

 

É óbvio que a AF Beja, em conformidade com as suas congéneres, suspendeu, em parte, a sua atividade na temporada de 2019/1020, daí resultando o respetivo eclipse de uma modalidade onde militavam na época anterior (2018/2019) 3.513 atletas envolvidos nas competições nos diversos escalões do futebol, futsal e futebol de praia, tendo-se realizado 1300 jogos, a que acresce os cerca de 70 árbitros do conselho que dirigiram os diversos desafios. Agora soou o “grito de Ipiranga” e o prazer do jogo voltou a reanimar a competição, assim como todos os agentes envolvidos no futebol associativo.  

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