Diário do Alentejo

A união faz a força
Opinião

A união faz a força

Manuel António do Rosário, padre

09 de setembro 2021 - 12:00

Este título presta-se a interpretações antagónicas; o meu objetivo, porém, é refletir sobre os resultados preliminares dos Censos 2021.

 

Já era espectável que Portugal continuasse a perder população, e o Alentejo, com raras exceções, estivesse na vanguarda. Como as pessoas são a maior riqueza, forçoso é concluir que estamos a empobrecer.

 

A perda de população também pode ter várias leituras. Se, por um lado, há evidências que apontam para o êxodo dos mais novos em busca de melhores condições de vida e outros horizontes; por outro, é inegável que a taxa de natalidade é negativa e não compensa a de mortalidade, pelo que, o envelhecimento da população é inevitável.

 

Perante estes dados, o mais fácil é culpar o Poder Central (seja ele qual for) do abandono do interior, da excessiva litoralização, de poucos projetos e apoios, de descentralização incipiente, etc. Tudo isso pode ser verdade, mas não ser toda a verdade!

 

Com efeito, a maior longevidade, longe de ser um problema, é um ganho inquestionável dos nossos tempos, mas não nos exime de refletir sobre as consequências transversais da perda de população. E uma dessas consequências é a diminuição do nosso peso eleitoral a nível nacional. Quanto mais divididos estivermos, por isso, menos alto faremos ouvir a nossa voz.

 

Precisamos, pois, de líderes locais à altura, capazes de superar a lógica pobre dos rótulos e preconceitos ideológicos, de verdadeiros protagonistas e autênticos servidores do Homem e do bem comum, dotados de coragem, lucidez e visão de futuro, que nos congreguem a todos em torno de valores, objetivos, e projetos fundamentais, inquestionáveis e estruturantes.

 

Como cristão, também gostaria de ver a Igreja mais comprometida neste projeto de unidade e comunhão com todos os que querem o bem do Alentejo e das suas gentes. A Igreja, como diz Jesus, deve ser: “Luz, Sal e Fermento” (cf. Mt 5, 13-16). Isso só será possível numa “Igreja em saída”, como afirma o Papa Francisco.

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