Diário do Alentejo

Aeroporto de Beja. Devagar, devagarinho e parado
Opinião

Aeroporto de Beja. Devagar, devagarinho e parado

João Rosa, empresário

07 de julho 2021 - 11:40

Há cerca de 10 anos, foi inaugurado com pompa e circunstância o Aeroporto de Beja - Alentejo, juntando no local milhares de pessoas, para assistir ao primeiro voo, promovido pela Câmara Municipal de Ferreira do Alentejo e pela Entidade Regional de Turismo do Alentejo, se enganado não estou. O que, até àquela data, já se tornada muito polémico, pois uns acreditavam que iríamos ter voos permanentes, outros não. Mas, devagarinho, lá fomos tendo um ou outro voo de passageiros, de quando em quando.

 

Depois, com o seu desenvolvimento, tão devagarinho, quase parado, aparece um grupo a estudar o que de melhor poderia ser feito para incrementar a velocidade de desenvolvido do Aeroporto de Beja, recomendando no seu relatório que, para se desenvolver, seria necessário enveredar pela vertente industrial com ligação ao setor da aviação e manutenção aeronáutica.

 

Pensámos: desta é que é! Com tantos terrenos anexos ao aeroporto, a preços inferiores comparativamente a Lisboa, Porto ou Faro, seria desta vez! Assim, mesmo que devagarinho, com alguma indústria, manutenção e exploração do espaço criado para uma eventual rede de frio para apoio ao movimento de carga e consequente exportação, a velocidade de desenvolvimento passaria para devagar.

 

Após estes 10 anos, o que aconteceu? Felizmente apareceu uma empresa chamada Hi-Fly que conseguiu negociar o parqueamento para as suas aeronaves e, mais recentemente, investiu na construção de um hangar de manutenção que já se encontra a laborar com cerca de 45 trabalhadores (grande parte dos quais corresponde a mão de obra local), que entretanto receberam formação para tal. Passamos assim de mais ou menos parados para… devagarinho.

 

É necessário e urgente aumentar a velocidade do desenvolvimento desta infraestrutura. O Alqueva, mesmo sem “andar de avião”, tem tido um desenvolvimento mais rápido. Penso que, com lotes de terreno a preços convidativos, e com três ou quatro anos de isenção de impostos para as empresas que ali se instalassem, certamente iria haver procura e desenvolvimento na sua vertente de indústria e manutenção.

 

Por outro lado, com o terminal de carga a funcionar, e um ou outro avião para o efeito, certamente conseguimos exportar a partir de Beja produtos frescos, contribuindo igualmente para o desenvolvimento do setor agrícola. Com o terminal de passageiros, embora não possamos esperar para já grandes movimentos, pois estamos num território com baixa densidade populacional, penso que seria possível realizar um ou dois voos semanais com a contribuição de todos: empresários do turismo, Entidade Regional de Turismo, Turismo de Portugal e ANA Aeroportos.

 

O aumento da placa de parqueamento de aeronaves também ajudaria ao seu sucesso e, assim, viabilizaria economicamente esta importante infraestrutura, de modo a dar-lhe velocidade suficiente para andar para a frente. Se assim não o fizermos, corremos o risco de um dia a ANA Aeroportos dizer “chega”. E depois? Passamos de devagarinho a parados.

 

Aproveito muito respeitosamente, em nome da região Alentejo que me viu nascer, e na qual teimei em ficar, para pedir aos senhores autarcas que se unam e façam alguma coisa para que esta infraestrutura venha a ser uma realidade no desenvolvimento da região. Faço o mesmo pedido aos partidos políticos que através dos seus representantes, eleitos pelos cidadãos, e remunerados pelo serviço público (digo, dinheiro de impostos que todos pagamos) devem fazer acontecer.

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