Diário do Alentejo

GRUPO SPORTIVO BEJENSE
Opinião

GRUPO SPORTIVO BEJENSE

José Saúde, jornalista

14 de junho 2021 - 09:10

Caminhando pelas audazes escarpas do tempo, centralizo a narrativa exposta numa persuasão, onde os laivos desportivos deixados pelos nossos antepassados farão ininterruptamente parte complementar de usadas memórias. Recordo legados que nos enviam para o ano de 1912, em Beja, um tempo que ficou marcado pela construção de um campo de jogo na antiga eira do Costa Lobo, cujo espaço tinha marcações no terreno de jogo, embora não abarcasse as usuais balizas.

 

Reza a história do desporto baixo-alentejano que o usufrutuário desse nostálgico espaço era o Grupo Sportivo Bejense. Constata-se que nos registos desses longínquos tempos, existiram algumas desavenças entre os aventureiros do vício do jogo da bola do Grupo, sabendo-se que os dissidentes dessas querelas constituíram o Académico Sport Clube. Um grupo que se assumiu, ‘à posteriori’, como a raiz fundamental do Football Clube Glória ou Morte, coletividade fundada em finais do ano de 1913.

 

Sabe-se que ao longo de 1913 o Sportivo e o Académico ombreavam na tentativa de chamarem para si os fundamentalismos do futebol na cidade. A rivalidade prevalecia e verifica-se que no dia 7 de junho, incluído no programa das Festas da Cidade, os clubes mediram meças. Reconhece-se que estas achas lançadas para a efervescência desportiva terão sido determinantes para a evolução da componente futebol. Aliás, a 16 de junho de 1916, fundou-se o Luso Sporting Clube; a 24 de junho de 1920, o Despertar Sporting Clube; em janeiro de 1923, o Pax Júlia Atlético Clube; a 21 de outubro de 1923, o União Sporting Clube; em março de 1925, Clube Desportivo Pax Júlia; a 1 de maio de 1931 o Esperança Football Clube; e a 13 de fevereiro de 1932 o Sport Lisboa e Beja.

 

Diga-se, em abono da verdade, que ação levada a cabo pelo Grupo Sportivo Bejense, no que concerne às rixas internas, proporcionou o aparecimento de novos clubes e, naturalmente, levou à fundação da Associação de Futebol de Beja a 30 de março de 1925. Regista-se, também, que as reuniões preliminares para a constituição da aludida associação tiveram lugar na sede do Football Clube Glória ou Morte, sita na Rua do Touro, n.º 13, em Beja.

 

Acontece que em finais da década de 1990, aquando o Desportivo se confrontou com gravíssimos problemas financeiros, não obstante competitivamente apresentar-se no auge, eis-nos numa assembleia-geral que se prolongou pela madrugada fora; alguém já no final ergueu a voz, e impondo o seu estatuto, propôs o fim do emblema e a criação de uma nova coletividade. A sua proposta assentava, essencialmente, em colocar o deve e o haver no nível zero, ou seja, as dívidas serem extintas e erguer-se-ia um novo clube com um outro nome. Assim, uma velha “raposa” nestas andanças desportivas e caminheiro andante nestas longas jornadas, confidenciou-me, um dia, a possibilidade de se recuperar o Grupo Sportivo Bejense, uma possibilidade que não passou de meras intenções.

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