Diário do Alentejo

Até logo, Oca!
Opinião

Até logo, Oca!

José Saúde, jornalista

11 de junho 2021 - 10:00

É nesta curta viagem que todos fazemos ao cimo deste imenso globo terrestre, que, de quando em vez, nos chegam devastadoras notícias que nos obrigam a parar e rever que ninguém é imortal. A nossa existência terrena é tão-só ocasional. Uns partem para o “além” mais cedo; outros, lá vão mandando às urtigas a derradeira sentença e retardando o inevitável fim. Morreu o Oca no pretérito dia 23 de maio.

 

António Manuel Lebre Oca nasceu a 23 de janeiro de 1958, em Beja, mas muito novo se radicou em Serpa. O Oca despontou com uma esplêndida empatia para o mundo do futebol. Avançado possante, com uma desmedida afinidade pelo golo. O Futebol Clube de Serpa fora, inquestionavelmente, o grémio que o lançou para o cosmos futebolístico. Estreou-se pelos serpenses na época de 1973/74 como juvenil. Nos escalões de formação, na então “notável vila”, hoje cidade, era um residente habitual nas seleções da Associação de Futebol de Beja. É certo que nunca integrou um 11 nacional, mas por diversas vezes foi chamado às triagens lusas, quer no escalão de juvenis, quer de juniores.

 

A sua ascensão à equipa de seniores foi rápida, sendo que na temporada de 1976/77 por lá já militava. Com o treinador Manuel Baião no comando da agremiação serpense, foi campeão distrital quando tinha 19 anos, e o cheiro pelo supremo “faturar” de golos estava-lhe na massa do sangue. Aliás, na época de 1980/81, tendo como treinador/jogador José Coelho, Oca voltou a festejar o título de campeão e marcou 40 golos. O seu nome era, então, muito aclamado, daí que dantes, na temporada de 1978/79, já havia atuado pelo Desportivo de Beja, integrando o painel de aquisições onde constavam o Jones, o Formoso e o Pinheiro, os três atletas oriundos do Mineiro Aljustrelense, o Zé António (ex-Vasco da Gama de Sines) e o Mósca, do Sporting de Cuba. Nesses tempos o treinador era o Quim Teixeira. Épocas em que a direção do Desportivo era formada na base de funcionários bancários.

 

Os seus dotes de excelente jogador, associado a uma avaliação pública deveras notável, levaram-no ao Torriense, emblema treinado por Fernando Vaz. O Oca era um rapaz simples e amigo do seu amigo. O futebol, no entanto, preencheu-lhe parte da sua vida lúdica. Razão pela qual ainda se afirmou, também, como treinador. FC Serpa, Brinches, Piense, Aldenovense, Baleizão e Atlético de Ficalho foram agremiações que ficaram no seu currículo como técnico principal.

 

O Oca deixou-nos. Partiu para a tal viagem celestial, sim, aquela que todos um dia a faremos. Dele ficam distintas lembranças. A sua imagem e maneira de ser, ou a forma nata de estar na sociedade, ficar-nos-ão sempre presentes. Uma doença irreversível foi-lhe fatal. O vasto leque de amigos prestou-lhe a última homenagem e Serpa está-lhe literalmente grata por tudo o que ele fez por elevar o nome daquela povoação. Até logo, Oca!

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