Diário do Alentejo

Teixeira
Opinião

Teixeira

José Saúde, jornalista

08 de abril 2021 - 16:45

A Mina de São Domingos foi outrora berço de excelentes jogadores de futebol que espalharam o perfume do seu talento pelos diversos palcos desportivos nacionais e internacionais. Naquele atraente lugar nasceram exímios atletas que fizeram da bola um dos seus “brinquedos” favoritos. Na Mina nasceu Manuel Gonçalves Teixeira, a 22 de novembro de 1948, sendo que em 1957 ingressou na Casa Pia de Beja. Muito jovem evidenciou uma grande aptidão para o jogo da bola, um dom natural que lhe fora reconhecido pelos companheiros que com ele conviviam no dia-a-dia.

 

Neste contexto, na época de 1962/63 eis o Teixeira nos principiantes do Despertar Sporting Clube, quando o balneário tinha como roupeiro o “tio” Cambado. Aliás, nesses tempos havia uma tripla de rapazes da Casa Pia que fizeram furor no futebol de formação bejense: o Teixeira, o Lagarto e o Corujo. Mas, a alegria em tratar a bola no interior das quatro linhas por parte do Teixeira, agregada à sua jovial intuição futebolística, tornou-se notada e na temporada de 1965/66 ei-lo a caminho do Sport Lisboa e Benfica. No clube da Luz fez duas épocas como júnior e uma como sénior.

 

Titular indiscutível na equipa de juniores, Teixeira assumiu o estatuto de internacional, tendo também feito parte de uma seleção de Lisboa que defrontou a Suécia (2-2), sendo o autor de um dos golos do selecionado lisboeta. Na época de 1968/69 o Benfica emprestou-o ao Valecambrense e no ano de 1970 o seu destino foi uma comissão militar em Angola. Nessa sua comissão por terras angolanas, o futebol, que lhe estava na massa do sangue, levou-o ao Sporting de Negage, fazendo, inclusive, parte da seleção de Angola nas épocas de 1970/71 e de 1971/72.

 

Cumprida a missão por terras de África, Teixeira, reiniciou o seu périplo desportivo por vários clubes nacionais. Assim sendo, propomos um revisitar de um currículo desportivo que terminou quando a sua cédula de nascimento registava 38 anos de existência. Recomeçou então a viagem desportiva no Peniche (1 época), passou pelo Torriense (2), Elétrico de Ponte Sor (2), Caldas Sport Clube (1), Pero Pinheiro (2), Atlético do Cacem (1) e deu por terminada a carreira no Solidariedade de Talaíde (3), um clube amador onde debitou saberes no memorável cosmos da bola.

 

Num contexto visto pelo prisma da sua absoluta arte, é absolutamente justo que coloquemos na axial vitrine dos mestres do futebol originários da nossa província o nome do Teixeira, por tudo aquilo que fez na complicadíssima modalidade. A Mina de São Domingos, o Despertar, Beja e a região ficar-lhe-á perpetuamente gratos pelo seu excelente percurso numa circunstância, o futebol, e numa conjuntura onde os sucessos se multiplicaram. Teixeira vive em Talaide, uma povoação localizada entre os concelhos de Oeiras e de Cascais. Concluo o texto referindo, com merecidíssima equidade, que Teixeira fez parte, como veterano, e durante vários anos, do agora Sport Saudade e Benfica, antes Sport Lisboa e Saudade.

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