É de todos conhecido que estas doenças se devem, de um modo geral, à acumulação de gordura na parede dos vasos sanguíneos, provocando um estreitamento das artérias que podem levar a lesões graves no cérebro, nas artérias do coração, nas carótidas, nas pernas, em muitas das nossas artérias. Sabemos igualmente que estas doenças se encontram associadas a diversos fatores de risco. A idade e os antecedentes familiares são fatores que aumentam o risco de desenvolver este tipo de doenças. Mas não há que ter ilusões: grande parte destas doenças resulta de um estilo de vida inapropriado e de fatores de risco em que estamos à altura de os modificar. Daquela muito difusa educação para a saúde que se espalha por conhecimentos adquiridos nas escolas, na difusão das instituições públicas e mesmo das associações de doentes e de promoção para a saúde, o seu elenco não é ignorado por ninguém, no topo estão o tabagismo, o sedentarismo, a obesidade, a diabetes, as dislipidemias, a hipertensão e o ‘stress’.
Estima-se que cerca de 30 por cento das mortes cardiovasculares estejam diretamente relacionadas com o tabaco. Por outras palavras, a cessação tabágica é uma medida preventiva altamente prioritária, não vale a pena assobiar para o lado ou querer desvalorizar a sua importância; a inatividade física pode propiciar as doenças cardiovasculares, felizmente que estamos a abandonar a lanterna vermelha dos países europeus com menor índice de atividade física; uma boa parte da população apresenta excesso de peso e aproxima-se de um milhão de adultos o número daqueles que sofrem de obesidade – quando tal acontece as calorias estão armazenadas no organismo sobre a forma de massa gorda, o que irá favorecer doenças como a diabetes tipo II, a hipertensão arterial e a dislipidemia. Há pois que procurar contrariar a obesidade recorrendo à diminuição da quantidade diária de calorias ingeridas e reduzir a ingestão de açúcar, dando preferência aos cozidos, estufados com pouca gordura e aos grelhados, nunca esquecendo esse importante adjuvante que é a atividade física.
A diabetes caracteriza-se pelo excesso de glucose no sangue. A sua acumulação vai deteriorando progressivamente os vasos sanguíneos, sendo esta a razão pela qual as doenças cardiovasculares (como a angina de peito, o enfarte agudo do miocárdio e a morte súbita) são mais frequentes em doentes diabéticos do que na população em geral. As dislipidemias são anomalias quantitativas ou qualitativas dos lípidos presentes no sangue, e representam um importante fator de risco, sendo que as medidas preventivas e de controlo passam por uma alimentação saudável, a prática de atividade física regular, a cessação tabágica e a manutenção de um peso adequado. A pressão arterial é a força que o sangue exerce quando passa nos vasos sanguíneos, e quando se encontra aumentada estamos perante um cenário de hipertensão, que pode ter como consequências a doença cardíaca, o AVC e a insuficiência renal – a receita passa por um regime alimentar equilibrado, a redução do consumo de sal, a moderação do consumo de álcool e café.
Por fim temos o ‘stress’, por vezes tão difícil de gerir nos tempos que correm. Há que aprender a lidar com ele através de técnicas de relaxamento, procurar melhores formas de pensamento positivo. Em todos os casos, nunca se esqueça de conversar com o seu médico de família, com o seu enfermeiro de família e lembre-se que tem sempre à mão o aconselhamento farmacêutico.