Diário do Alentejo

Contributos para o futuro
Opinião

Contributos para o futuro

Jorge Barnabé, presidente do Observatório do Baixo Alentejo

05 de março 2021 - 15:55

O Observatório do Baixo Alentejo (OBA) submeteu ao Governo, em agosto de 2020, um documento com a sua visão de desenvolvimento sustentável e integrado para a região nas próximas décadas. Essa iniciativa é agora reforçada com a apresentação de propostas que consolidam essa visão e que se destinam à melhor interpretação do Governo sobre as potencialidades e necessidades da região, a integrar no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Com esta visão propomos o aproveitamento dos investimentos realizados na região, o seu desenvolvimento a partir da ligação dos pontos e das forças que deles podem advir trabalhando em conjunto.

 

Centramos nas pessoas a base de uma estratégia global, que é importante para o repovoamento da região, fortalecendo com políticas e projetos concretos a coesão territorial. É fundamental apostar na qualificação, na construção de massa crítica que sirva o futuro da região, que atraia melhor planeamento e mais investimento, é necessário construir soluções de integração das comunidades migrantes, resolver os problemas de habitação social e de inclusão e de apoio às políticas de atração de novos talentos e quadros, em toda a região: médicos e enfermeiros, professores, estudantes, técnicos e quadros qualificados.

 

Uma nova visão para a intervenção social, com respostas mais atuais, eficientes e apoiadas com o reforço da responsabilidade e da sustentabilidade financeira das IPSS, misericórdias e associações, que se centre nas pessoas e na sua dignidade, mas também nas suas comunidades a ação social. E defendemos o desenvolvimento de um projeto de políticas sociais de habitação planeado a partir da Cimbal, realizado em proporcionalidade em todos os concelhos da região.

 

Defendemos a criação de um eixo Sines – Beja – Sevilha, ligando o litoral ao interior do Sudoeste Ibérico, a partir de uma ligação ferroviária entre o Porto de Sines e o aeroporto, complementada com a requalificação do IP entre Sines e Ficalho, e posteriormente a construção da A26. E a conclusão do IC23 entre o IP2 e a Via do Infante, abrindo um novo canal de escoamento para o norte de África. Este eixo permitirá criar um ‘hub’ aeroportuário (Sines-Beja), como referência global do comércio de e para a Europa, e com mais investimentos privados, mais emprego e maior competitividade.

 

Propomos a definição do aeroporto de Beja como aeroporto indústria internacional, dinamizado a partir da criação de um gabinete de gestão do parque logístico disponível, que permita preparar as condições de instalação de empresas e de desenvolvimentos de investimentos aeronáuticos, que se alargue a outros concelhos no desenvolvimento de polos de reforço, que crie competitividade, riqueza, emprego e a instalação de novos negócios industriais e tecnológicos.

 

Procuramos afirmar nos nossos contributos os mecanismos necessários ao desenvolvimento de indústrias transformadoras que acrescentem ainda mais valor à exportação de produtos, reduzindo a necessidade de importação e aumentando a competitividade e a criação de emprego em todo o território.

 

Desejamos que a partir da nossa região nasça um projeto inovador de indústrias criativas, com impactos económicos e sociais em toda a região, com sede em Beja mas com intervenção e polos desde Ourique até Ponte de Sor e posteriormente à Andaluzia e Extremadura. Este projeto permitirá valorizar através da cultura as relações transfronteiriças tão necessárias, criar novas oportunidades, fixar pessoas ocupando territórios desertificados e promover a região turisticamente, com fortes impactos económicos e sociais.

 

Defendemos a criação de projetos tecnológicos de valorização da faixa transfronteiriça, capazes de atrair mais população, fomentar o trabalho à distância, investindo nas novas redes digitais de 5G e de fibra ótica, e de dinamização desses concelhos, quebrando a noção pejorativa da interioridade.

 

Empenhamo-nos na construção de soluções que mitiguem o impacto das alterações climáticas e da desertificação, propondo a criação em Mértola da capital europeia e mediterrânica de combate às alterações climáticas e à desertificação. Defendemos uma visão partilhada com os setores de atividade, principalmente o agrícola, recorrendo a um novo modelo de gestão da água, de aproveitamentos dos recursos e de boas práticas ambientais certificadas.

 

E defendemos ainda que a oportunidade de investimento proveniente do PRR possa ser consolidada com a capacidade de fazer, de realizar projetos e infraestruturas que beneficiem a região e o país nas próximas décadas, que seja eficiente através de um novo modelo de gestão dos fundos, com rigor e transparência, mas também acessível e aberto às autarquias, à sociedade civil e empresas.

 

Propomos uma visão global, que ganhe força a partir da participação de todos os setores e que se construa na partilha de uma ação comum e direcionada para um objetivo partilhado: o futuro da nossa terra. É com esta visão que propomos construir soluções, tornar irreversíveis muitos mais projetos e ambições, gerar emprego e riqueza, qualificar e integrar pessoas, proteger e promover, ganhar escala e competitividade.

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