Diário do Alentejo

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José Saúde, jornalista

02 de março 2021 - 09:25

São negros os tempos que a generalidade da humanidade por ora atravessa! A luz ao fundo do túnel apresenta-se algo enigmática, mas subsiste uma esperança que se concentra numa força hercúlea trabalhada por cada um de nós. Todos temem a malfadada pandemia que se abateu sobre o reino dos mortais. Divago pelas sinuosidades desta bola gigante e dou por mim a reencontrar velhos prazeres de outrora. Berço de múltiplas concordâncias e de distintas atividades que nos fizeram crescer numa confraria que não parou com o seu desenvolvimento, foi na escola que aprendemos voluptuosidades que a nossa prudente existência jamais rejeitou.

 

Moldaram-se corpos e construíram-se ideais que projetaram alguns desses jovens para a tribuna desportiva. Cruzar gerações reflete prudência, mas é assente nesse brilhante conceito que mergulhamos em momentos excêntricos, onde os silêncios dos muros indicam o fulgor e a arte para reviver um passado que nunca esqueceremos. Sim, foi na escola, primeiro na primária depois na secundária, que convivemos com crianças que tiveram o privilégio em desafiarem fiáveis leis ingénitas e envolverem-se no maravilhoso cosmos desportivo.

 

É verdade que muitos dos nossos companheiros, embora alguns deles se apresentassem com os pés descalços, mostravam-se sempre hirtos para defrontar outros meninos cujos sapatos ou botas, confecionados pelo velho e respeitado sapateiro do povoado, evidenciavam energia numa circunstância que fora indeterminadamente inconfundível. Neste campo de ação, revejo garotos, da minha geração, que durante o recreio na escola primária deliravam com uns chutos na bola, não obstante a nudez dos seus pés. Garotos que após uma triagem foram, mais tarde, primorosos executantes numa arte que fora transversal a uma miudagem onde a felicidade do correr atrás de uma bola lhe transmitia o poder do sonho, mas independentemente do berço onde nasceu e foi criado.

 

Depois, no ensino secundário, tive o privilégio em conhecer um rol de amigos que saltaram para inolvidáveis emblemas que os lançaram para a ribalta. Da Escola Industrial e Comercial de Beja, a minha, saíram jovens cujas qualidades futebolísticas os levaram para clubes de renome, tais como o Benfica, o Sporting, o Belenenses, o Vitória de Guimarães, de entre outros símbolos nacionais, sendo que alguns deles foram internacionais nos escalões de formação.

 

Todavia, o desporto, na sua globalidade, era um precioso bem para uma juventude que se dividia pelas diversas modalidades. Desse rol de amigos destaco o Fernando Mamede, recordista do mundo, em 1984, em Estocolmo, na distância dos 10 mil metros e ao serviço do Sporting Clube de Portugal. Recordista nato em diversas distâncias, o antigo atleta internacional de Beja levou no seu currículo o substantivo de uma escola que o atirou para a fama. O professor de educação física Rony e a antiga Mocidade Portuguesa, foram as bases que altearam Fernando Mamede para o lugar supremo no atletismo mundial.

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