Quem vem lá? Quem vem lá e traz uma tocha que tudo ilumina? Ele que venha que está tudo escuro, ele que traga a luz, ele que se despache, que nós estamos cegos e precisamos de ver, ele que nos tire estes cravos que temos espetados nos olhos, ele que venha e traga a cura, a redenção, a poção mágica, ele que traga a salvação antes que o país se torne imundo, antes que a nação seja tomada pelos impuros, antes que a pátria sucumba à mão dos infiéis. Quem vem lá que é garboso e tão bem fala e encanta? Será o homem providencial? Será finalmente Sebastião que volta?
E eis que chega o homem cavalgando a verdade, só a verdade e nada mais que a verdade, vejam que bela é a verdade iluminada pelo brilho da razão, pelo fogo da certeza, pela força da força, que luzidias são as respostas fáceis para problemas difíceis, que magnéticas são as expressões de justiça, de segurança e de autoridade.
Não precisamos de mais nenhuma verdade, basta-nos a dele, chamai-o para aqui, para o pé de nós, para o nosso seio, nós somos gente de bem, ele que exclame, ele que dite, ele que ponha ordem nesta pouca-vergonha, não importa que o fogo seja fátuo, enquanto arde alumia, enquanto se assiste à prosápia folga o discernimento. Mas quando estivermos com ele, quando o estivermos a adorar, não lhe podemos dizer que a pequenina história do mundo está cheia de personagens passageiras.