Diário do Alentejo

Horizontes
Opinião

Horizontes

Vítor Encarnação, professor

17 de janeiro 2021 - 17:10

O horizonte dos olhos não chega, não é suficiente olhar para aquele lugar onde a terra se confunde com o céu. Isso ajuda a ter uma perceção de liberdade mas não preenche todos os sentidos. Os horizontes também têm de ser interiores, ânimos que se abrem dentro de nós, planos que nascem à beira da estrada do pensamento, ideias que são janelas grandes abertas para o futuro. O futuro é o horizonte do tempo, esse lugar lá longe onde a realidade se confunde com o sonho. A verdadeira liberdade dos homens e das mulheres está no desígnio, no devir, no movimento. Nada é mais reconfortante do que podermos gizar o futuro, nada é mais gratificante do que podermos planear e decidir quando, como, onde, com quem, um café, um jantar, uma viagem, uma vida. É fundamental olhar para a linha do tempo e nela ver projetos e encontros, é essencial olhar para a frente e escolher os caminhos que queremos, escolher a hora, o dia, a ocasião, o sítio. O que se vê só com os olhos é pouco, faltam as emoções do percurso, não se mata a fome do desejo, não se sacia a sede do encantamento, não se resolve a necessidade absoluta de chegar onde queremos. Dentro do cérebro há lugares que os olhos não conseguem alcançar, dentro da mente vivem distâncias que os homens e as mulheres precisam de ultrapassar para serem felizes. Este tempo não nos deixa, este tempo é um lugar onde a realidade não toca no céu.

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