Diário do Alentejo

Subjetivismo versus objetividade
Opinião

Subjetivismo versus objetividade

Padre Manuel António do Rosário, Comissão Diocesana de Arte Sacra da Diocese de Beja

13 de janeiro 2021 - 11:20

O Dr. José António Falcão, no último artigo que escreveu no DA, em resposta ao meu texto intitulado “A verdade te libertará”, afirma não desejar prosseguir esta polémica. Pela minha parte, enquanto responsável da Comissão Diocesana de Arte Sacra (CDAS), limitei-me tão só a retificar e completar a sua narrativa, e outras anteriores, para que a verdade resplandeça, sem sombras, nem equívocos.

 

Como afirmei no artigo acima mencionado, não me sinto capacitado para ler intenções, prever consequências e, sobretudo, interpretar manifestações de evidente subjetivismo. Este seu último artigo obriga-me, por isso, a mais algumas clarificações, sintéticas e objetivas:

 

  1. O regresso do Dr. José António Falcão a Lisboa, foi a consequência de uma decisão da Senhora Diretora-Geral do Património Cultural, Arq. Paula Silva, em 2016, uma vez que ele era (e é) funcionário superior do Ministério da Cultura, destacado para trabalhar na Diocese de Beja, desde 1999, segundo consta no protocolo assinado pelo IPPAR e pela Diocese de Beja;

  2. O Inventário do Património Religioso, uma das missões do Dr. Falcão, se existe, não está na Diocese de Beja, embora o ex-Dphadb fosse um organismo da diocese e ao seu serviço;

  3. Nunca esteve ninguém, mandatado oficialmente pela Diocese, a conferir os relatórios que o Dr. Falcão apresentou, nomeadamente o de Santiago do Cacém;

  4. As peças que encontrámos em Santiago do Cacém não estavam expostas no Museu, mas, na sua quase totalidade, constavam como depósito e reserva, arrumadas em salas, nomeadamente numa sala, embrulhadas, e em caixas. As peças do Seminário, presumivelmente, encontrar-se-iam lá desde o fim da exposição que decorreu no Paço Episcopal de Faro, e que terminou em abril de 2006. Outras peças, pelas reações que fomos tendo das paróquias, à medida que as fomos entregando, estariam há muitos anos fora, ao ponto de serem desconhecidas, não só do pároco (que pode mudar), como também dos membros das comissões fabriqueiras. As peças eram provenientes de cerca de 30 instituições, sobretudo paróquias, Seminário, entre outras;

  5. As peças de Cuba saíram entre 2003 e 2004 e não havia na paróquia qualquer informação sobre o seu paradeiro. Da lista que nos foi entregue, ainda faltam algumas peças. As peças de Beringel foram várias vezes solicitadas ao ex-Dphadb, como no-lo atestam vários ofícios que nos foram entregues pela paróquia, e nunca foram devolvidas. Grande parte deste acervo esteve na exposição de Faro (2006). Também desta paróquia ainda há peças cujo paradeiro é desconhecido;

  6. Um outro dado, que ainda não tinha referido, prende-se com o facto de peças da mesma paróquia, terem sido encontradas em locais diferentes. Por exemplo, peças de Cuba, de Mértola e de Santo Aleixo da Restauração, algumas estavam em Santiago do Cacém e outras no Seminário. De Santo Aleixo, falta localizar uma capa de asperges, que faz parte de uma coleção de paramentaria extraordinária;

  7. A lista das peças com paradeiro desconhecido vai aumentando, à medida que os párocos e as comissões fabriqueiras se vão interessando pelo assunto e vão investigando. Nestes dias chegou-nos mais uma comunicação. Pela sua importância, é um assunto que, decerto, não deixaremos cair no esquecimento;

  8. Falando de mais dados objetivos, graças à excelente relação entre as Paróquias de Moura e de Almodôvar e as respetivas Câmaras Municipais, em Moura, para além do protocolo já assinado, e que permitirá uma intervenção de vulto na Igreja de S. João Baptista, património do Estado, é expectável que brevemente possa avançar novo projeto, desta feita, na Igreja de Nossa Senhora do Carmo. Em Almodôvar está aprovada a candidatura que permitirá avançar com uma intervenção na Igreja Matriz;

  9. O discernimento, critério essencial para distinguir o bem do mal, a verdade da mentira, o certo do errado, é o exercício que os leitores do “DA” deverão fazer, perante os textos que têm cruzado as páginas deste jornal;

  10. É este mesmo discernimento que permitirá que, na história da Diocese de Beja, se possa avaliar com seriedade, objetividade e rigor, a atividade do ex-Dphadb, onde certamente há muito mérito e bom trabalho realizado, como tive ocasião de referir no meu primeiro artigo.

 

Concluo, afirmando que não foi nem nunca será prática minha, e quem me conhece o poderá atestar, fazer juízos precipitados sobre pessoas e instituições, baseado em suposições, intenções, ou opiniões. Como disse no título do meu segundo artigo e acredito firmemente: “só a verdade liberta”. Além do mais, considero-me um fiel seguidor do Papa Francisco e, como ele, acredito e defendo a liberdade, a transparência e a misericórdia.

Comentários