Castro Verde, localidade situada no Baixo Alentejo, é uma região onde se situa uma vasta planície que lhe faculta o fabuloso rótulo de Campo Branco. Nessa circunscrita área, diga-se maravilhosa, ouve-se o chilrear da passarada e por lá militam espécies de aves que estiveram em vias de extinção, sendo os casos da abetarda e do peneireiro-das-torres. Historicamente, Castro Verde insere-se na faixa piritosa ibérica que começa em Aljustrel e se estende ao sul de Espanha. Durante séculos a atividade mineira marcou uma forte presença e o seu subsolo fora dantes abundante em ouro, prata, cobre, estanho, chumbo e ferro. Mas, independentemente do seu bélico passado histórico, onde rezam proveitos indescritíveis, leva-nos a narrativa a viajar pela pitoresca vila e sobre a sua a componente desportiva.
É certo que o seu passado enquadra-se com saberes algo ténues das diferenciadas modalidades que por lá dantes existiram, logo, somos singelos conhecedores da existência de três desígnios do Futebol Clube Castrense (FC Castrense): o primeiro no ano de 1922, tendo como um dos principais incitadores Manuel Joaquim Palma Valadas; o segundo, em 1936, tendo Manuel Batista Ramos como um dos seus criadores; e o terceiro, fundado a 1 de abril de 1953, no qual sobressaiu a tenacidade de José Colaço que lançou os alicerces de uma obra que se consolidou no tempo, sendo no presente que encontramos um dos seus prodigiosos ícones chamado António dos Anjos.
Cidadão exemplar, marcado por uma extrema humildade, António dos Anjos é um senhor de uma gigantesca dedicação ao associativismo. Apaixonado pelo Sporting, não perdia uma oportunidade para ouvir os relatos do emblema da sua simpatia e onde os “cinco violinos”, literalmente, o encantavam. Aos 14 anos, o rapazola, com pouco jeito para o futebol, apaixonou-se pelo hóquei em patins e jogava então na rua com 'sticks' feitos com paus de palmeira.
Aos 18 anos entrou para os corpos sociais do FC Castrense, ajudando o presidente/treinador, José Colaço, na construção de uma equipa de futebol: primeiro, em desafios regionais; depois, no campeonato da FNAT (agora Inatel); e, finalmente, nas competições da Associação de Futebol de Beja, nos escalões inferiores.
Em 1974 vivia-se o momento áureo em Portugal com o 25 de Abril, Revolução dos Cravos, e António dos Anjos esteve na linha da frente para a formação de uma secção de hóquei. Um sonho que se concretizaria no ano de 1980 com a instalação, na terra, da ambicionada modalidade. Com um subsídio de 150 contos da Câmara Municipal, uma verba capital que satisfez, à época, as prementes necessidades, António dos Anjos abraçou o projeto, arregaçou as mangas e avançou para o terreno. O decano recorda, com emoção, o ano de 1993 quando viu o emblema castrense subir ao Campeonato Nacional de Futebol da III Divisão. Agora, há a certeza que a autarquia atribuirá ao pavilhão gimnodesportivo de Castro Verde o nome de António dos Anjos.