Diário do Alentejo

Proteger os mais fracos
Opinião

Proteger os mais fracos

Manuel António do Rosário, padre

15 de outubro 2020 - 10:00

A humanidade vive tempos paradoxais. Com efeito, nunca como hoje soubemos tanto sobre o Homem: a sua saúde, doenças e tratamentos; os perigos que o assolam; a prevenção do futuro e a inversão das previsões… Contudo, em contraponto, as ameaças à sua existência são também impressionantes: aborto e infanticídio; eutanásia e pena de morte; fome e pobreza endémica; discriminação, escravatura e genocídios; poluição, desflorestação em massa e mudanças climatéricas; proliferação do comércio de armas e guerras infindáveis; tráfico de seres humanos e de estupefacientes… A lista de atentados é descomunal.

 

De todos estes sinais preocupantes, emerge para mim uma prioridade, que dá título a este artigo: a proteção dos mais fracos.

 

Com efeito, uma sociedade verdadeiramente humana, solidária e democrática deve primar pela defesa da igualdade entre todos os seres humanos, da sua dignidade e direitos, promovendo, por isso, uma cultura que combata desigualdades, proteja os mais fracos, aqueles que por si sós não têm capacidade de se defenderem, para que prevaleçam, os princípios que estão na base do autêntico estado de direito e não “a lei do mais forte”. Parafraseando o Papa Paulo VI, é imperioso defender “o Homem todo e todo o Homem”, para que não aumente o fosso entre ricos e pobres; primeiro, terceiro e quarto mundos; novos e idosos; trabalhadores ativos e aposentados. O Homem não vale pelo que tem, mas, sobretudo, pelo que é, independentemente da raça, sexo, cultura, cor da pele ou religião.

 

Creio que este foi um dos principais valores que Cristo e o cristianismo legaram à humanidade: a afirmação da igualdade essencial entre todos os seres humanos e, entre estes, Cristo manifestou sempre uma predileção pelos mais pobres, frágeis e marginalizados. Desejo e espero que a Igreja, fiel a Cristo, continue nesta senda, e que a sua missão seja sempre pautada pelo serviço à humanidade, difundindo a misericórdia e globalizando a solidariedade, sem proselitismo.

Comentários