Diário do Alentejo

Aplausos
Opinião

Aplausos

José Saúde, jornalista

06 de junho 2020 - 21:00

Viajo pelo universo de eternas lembranças e dou por mim a absorver legados que fizeram do desporto um verdadeiro cântico à liberdade. Recorro a heranças deixadas por prodigiosos mestres, exímios autores de excelentes histórias, sendo certo que o resplandecer dessas memórias conduzem-nos aos princípios do século passado, onde Beja fora palco de eloquentes reptos desportivos. Em finais de 1906 um grupo de estudantes trouxe para a velha Pax Júlia o “vício do jogo da bola” e logo aí se terá dado um passo gigante rumo ao supremo gosto pela prática desportiva.

 

Passados uns anos, a 1 de maio de 1931, é inaugurado o Estádio Condessa D’Avilez, sendo aquele recinto palco para efusivos aplausos. O espaço, para além do futebol, aonde o Luso atuava como equipa anfitriã, era também palanque de fascinantes tardes de ginástica, onde um grupo de atletas, liderado pelo saudoso Melo Garrido, entusiasmava um público que fazia questão em marcar presença no ágil acontecimento.

 

A 27 de abril de 1953 deu-se a inauguração do Estádio Municipal Eng.º José Frederico Ulrich, mais tarde denominado Dr. Flávio dos Santos, sendo aquele campo não só destinado ao futebol, assim como à rotina de outras modalidades que a juventude admirava. O estádio usufruía magníficas condições e a sua enorme dimensão proporcionava que a área demarcada entre o retângulo de jogo e as bancadas fosse aproveitada para a antiga Mocidade Portuguesa ali realizar provas de atletismo.

 

Numa pista caiada com cal, produto oriundo quiçá de Trigaches, os jovens corriam em busca de um sonho e a rapaziada recreava-se com o prazer que o mundo das correrias lhe facultava. Mais tarde o campo relvado, cedido pela Força Aérea Alemã, foi beneficiado com uma pista de tartan e o atletismo rumou a uma outra ponta da cidade e por lá se fixou. É óbvio que o piso, com o evoluir dos tempos, degradou-se, surgindo, naturalmente, um mar de reclamações por parte daqueles que utilizavam a pista não só para os treinos diários assim como para a competição. Só que esses gritos de alerta ter-se-ão, eventualmente, diluído num manto de incertezas.

 

O atual elenco diretivo da Câmara Municipal de Beja, com administração direta, jogou mãos à obra, remodelou o espaço e restaurou a pista de atletismo no Complexo Desportivo Fernando Mamede. Olha-se a magnitude de toda a sua envolvência, vê-se trabalho, alindou-se toda a área, incluindo pinturas das bancadas, formataram-se viáveis ideias e lá está a pista pronta para a sua inauguração, uma situação que ainda não ocorreu por via de uma covid-19 que tudo adiou.

 

Neste contexto, aqui ficam os justos aplausos para os autarcas bejenses que reconstruíram uma infraestrutura cuja grandeza deixará, por certo, os atletas num emotivo deslumbramento, tendo em conta a dádiva que lhes fora facultada. O preço da obra situou-se nos 632 mil euros.

Comentários