“O tema do ‘samba enredo’ deste ano é o ‘Baú da Felicidade’, que irá retratar o sistema financeiro a nível global, com uma sátira à forma como é gerido”, explica Rui Encarnação, presidente da Associação de Carnaval de Sines, entidade organizadora do evento que deverá levar à cidade cerca de 50 mil pessoas.
Texto: Joaquim Bernardo
Foto: Luís Guerreiro
Com um orçamento a rondar os 180 mil euros, que é suportado pelo apoio da câmara, empresas do concelho e venda de bilhetes, o Carnaval de Sines contará com a participação de dois mil foliões, divididos por cinco escolas de samba, 17 carros alegóricos completamente novos, 15 grupos alegóricos e oito foliões. Uma das novidades deste ano será a colocação de uma bancada na avenida para que as pessoas de mais idade, ou com mobilidade reduzida, possam assistir ao desfile. Segundo Rui Encarnação, a preparação do Carnaval está a decorrer dentro da normalidade: “Temos a expectativa de receber mais pessoas para assistir aos desfiles, temos mais participantes a desfilar, alguns grupos estão de regresso ao corso e isso é muito importante. Vamos ter um Carnaval com muita animação, muita cor e alegria durante estes dias”.
O programa oficial arranca no próximo dia 21 com o chamado Carnaval dos Pequeninos, na avenida General Humberto Delgado, a partir das 10:00 horas, com o desfile de cerca de três mil crianças dos infantários e escolas do concelho, neste ano dedicado ao tema “A vida marinha”. No dia seguinte, pela manhã, os reis do Carnaval 2020, Humberto Zambujo e Ana Simões, são apresentados à população, numa “cerimónia” que terá lugar junto ao castelo, com a entrega da chave da cidade, seguida de um desfile para “cumprimentos aos súbditos” pelas ruas do centro histórico. Para esse dia está igualmente marcado um baile de máscaras sénior, aberto à população com mais de 55 anos. A edição deste ano mantém os habituais desfiles diurnos e noturnos, entre os dias 23 e 25, com a folia aliada à sátira,“religiosa e política”, que os grupos foliões “emprestam” a uma das maiores festas do litoral alentejano.
“No desfile noturno, o mais antigo do País, que acontece no dia 24, já é tradição recebermos mais de 1500 pessoas mascaradas, oriundas de vários pontos da região, que se juntam aos dois mil participantes, enchendo o recinto de muita cor e alegria, numa festa que dura até de madrugada”, antevê Rui Encarnação, sublinhando que este Carnaval “tem a particularidade de ser construído por voluntários e, por essa razão, o tema central é livre para não limitar as ideias que possam surgir”. Ao longo do recinto onde se realizam os desfiles serão instalados pontos fixos para recolha de embalagens de plástico. “Queremos reduzir o impacto ambiental e estamos a negociar a possibilidade de introduzir um serviço de recolha móvel, ou seja, pessoas com mochilas para recolherem os copos de plástico que vão sendo utilizados tanto na avenida como nos bailes”, acrescenta Rui Encarnação.
“Cinco anos depois [de termos interrompido a nossa participação] estamos de regresso ao Carnaval de Sines e o nosso projeto é trazer ao desfile uma cidade imaginária, a cidade de Taka”, conta Ruben Palminha, da escola de samba TakaFogo, uma das que neste ano irá desfilar pela avenida do litoral alentejano. “ Vamos contar a história das 1001 noites do império persa, os reis do Carnaval vão desfilar no nosso carro e, ao todo, contamos com mais de meia centena de participantes”. Luís Plácido, um dos mais antigos obreiros do Carnaval de Sines, diz ao “Diário do Alentejo” que, por estes dias, está empenhado na construção do carro alegórico da escola de Samba Fantástico, um dos maiores do desfile.
“Penso que está tudo preparado para que seja uma grande festa, que seja do agrado dos sinienses e de todos aqueles que nos visitam”. “Vamos apresentar [na avenida] uma inovação, que representa o universo, e vamos tentar ser o centro do Carnaval. As pessoas estão a trabalhar com muita vontade e acredito que vai ser uma festa com muita animação e folia”, diz, por sua vez, “Puca” do grupo Beija-flor, enquanto Sofia Costa, da denominada “Brigada da Alcagoita”, que já participa há vários anos no evento, antevê um carnaval “cheio de brilho e de luz”. Outro dos grupos mais populares é o “Sai de Gatas”, constituído há cinco anos, e que, segundo Mário Gonçalves, um dos participantes, tem algumas originalidades: “Como queremos passar a mística do Carnaval de Sines para os mais novos, construímos um carro onde os mais pequenos vão acompanhando as mais ao longo do corso”.