Diário do Alentejo

Fernando Pardal apresenta novo disco de originais

02 de janeiro 2020 - 10:00

Fernando Pardal, “a sério ou menos a brincar”, sempre esteve ligado à música. Não assume uma carreira, mas um percurso. Na década de 80, embora tendo como referência a nível nacional o cantautor José Afonso, integrou o grupo Ex-Oriente Lux. Neste projeto pisou, por mais de uma vez, o palco do, agora já extinto, Rock Rendez Vous, na rua da Beneficência, em Lisboa. Em 1998 edita o seu primeiro CD de originais intitulado “Alentejo”, com o carimbo da Farol. Em 2000, e sob o selo da extinta Lemon Records, edita “À Margem da História”. Em 2015 sai à rua com “Contágios”, uma edição de autor.

 

Texto José Serrano

 

O músico bejense Fernando Pardal voltou a apresentar, recentemente, no Pax Julia Teatro Municipal, em Beja, o seu mais recente trabalho discográfico de originais, intitulado “Seven – Sete Mulheres, Sete Canções”. Um concerto, que acontece depois de o músico bejense ter esgotado a primeira sessão de apresentação, de comemoração, sob a forma de canções, do universo feminino.

 

É este “Seven” a expiação de alguns dos seus pecados ou a alegoria de uma viagem de vida?

Os meus pecados não são tão relevantes assim, mas posso admitir, numa ou outra situação, um qualquer exorcizar. Pode entender-se mais este trabalho como, se é que assim se pode dizer, uma sintética alegoria, e longe de uma qualquer viagem de vida. O “sete” para mim, neste contexto, significa um ponto de viragem. Talvez o fim de um ciclo e o início de um outro.

 

Todas as músicas e letras deste trabalho são da sua autoria. De que tamanho é o risco inerente ao facto de se escrever sobre o universo feminino?

A letra da canção “Mãe” não é minha. É de alguém que assina com o nome de A. Cabral, mas continua a ser um eterno desconhecido, porque não está registado na Sociedade Portuguesa de Autores. Fico a aguardar que apareça um dia e lhe possa dar um forte abraço. Do universo feminino confesso que pouco ou nada entendo. Mas a mulher é um ser único e de rara beleza. A sua força é tremenda e a sua luta pela igualdade de direitos, numa sociedade que em pleno século XXI ainda é salpicada por tantos machistas de merda, não é fácil. Isto para não falar em outras sociedades, que não a Ocidental (que é o que é), com culturas em que a mulher sofre horrores. Penso que, por razões de variadíssima ordem, a mulher é o sexo forte. Assim sendo, não faço ideia qual será o tamanho do risco.

 

Este disco é, comparativamente a outros seus antecessores, despido de grandes produções musicais, vivendo de duas violas e uma voz. Há um propósito na aparente simplicidade musical utilizada para o contar destas sete histórias?

Este disco tem uma guitarra em cada tema, ora elétrica, ora acústica, do João Nunes, diretor e produtor musical, mas na sua maioria tem basicamente uma guitarra acústica e uma voz. No tema “Andreia” tenho uma pequena ajuda, nas vozes, de Clara Palma, no “Ju” a harmónica de Valter Bento e no tema “Maria” o violino de Vasken Fermanian. Há muito que procurava este registo mais acústico, mais despido, talvez mais eu. Confesso que não existe um propósito, mas sim uma feliz coincidência.

 

O que mais gostaria que este “Seven” trouxesse a quem o escutar?

Que sejam sete faixas que se aprendam a degustar, tipo água tónica, passo a publicidade: “Ao princípio estranha-se, depois entranha-se”.

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