Diário do Alentejo

Évora vai ser “laboratório" para reduzir CO2

22 de setembro 2019 - 09:50

O centro histórico de Évora vai transformar-se num “laboratório vivo” para testar soluções tecnológicas que visam reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, graças a um projeto com um investimento superior a um milhão de euros. Designado Laboratório Vivo para a Descarbonização de Évora (LVpDÉ), o projeto resulta de uma candidatura aprovada pelo Fundo Ambiental e envolve um consórcio de oito parceiros, liderado pela câmara municipal. As outras entidades são a Agência de Desenvolvimento Regional do Alentejo, Centro de Excelência para a Inovação da Indústria Automóvel - CEIIA, Universidade de Évora, Altice, Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central, Decsis e a empresa Logistema, faltando ainda escolher um dos parceiros.

 

O projeto, liderado pelo município de Évora e que envolve um investimento “superior a um milhão de euros”, é financiado em “500 mil euros pelo Fundo Ambiental”, cabendo a restante verba “aos diversos parceiros”, explicou à agência Lusa Alexandre Varela, vereador da Mobilidade. A fase de implementação do LVpDÉ foi hoje apresentada numa sessão na autarquia, tendo Alexandre Varela revelado à Lusa que esta aplicação de soluções tecnológicas, apenas para a realização de testes e de estudos, arranca no terreno “ainda este ano”, estando previsto que se prolongue durante 18 meses.

 

A área escolhida para ser alvo deste autêntico “laboratório vivo”, para testar, em contexto real, soluções tecnológicas em diversas áreas, num espaço urbano com identidade local, é a do centro histórico. “Foi uma escolha fácil” e é o “espaço propício, até pela sua própria morfologia”, porque “existe uma fronteira clara, que são as muralhas, e permite perceber um conjunto de dinâmicas” ligadas à mobilidade, envolvendo ainda os centros de conhecimento, o comércio, serviços, entre outros. “Existe aqui muita gente a viver, a trabalhar e que vem aos serviços, portanto, é um local de grande afluência de pessoas e de fornecedores” e é o espaço “privilegiado fazer este tipo de testes”, sublinhou.

 

O projeto, apresentado hoje no âmbito da Semana Europeia da Mobilidade, quer reduzir as emissões de gases com efeitos de estufa, através da “experimentação de soluções eficientes, energeticamente sustentáveis e replicáveis”. “Temos a obrigação de reduzir os gases com efeito de estufa, de melhorar a forma como gastamos a energia, os combustíveis que temos para fazer funcionar fábricas, carros e por aí fora”, afirmou o vereador, sustentando que este caminho tem de ser apoiado “nas novas tecnologias” e “proporcionar um melhor conforto à população”.

 

Daniel Valente, chefe da Divisão de Ambiente e Mobilidade da autarquia, lembrou que, a nível internacional, “Portugal comprometeu-se” com “a redução dos gases com efeito de estufa” e os municípios fazem “parte dessa batalha”. Do vasto conjunto de testes a realizar, faz parte a colocação, nas portas de acesso ao centro histórico, de “sensores para estudo de fluxos e contagem de veículos” e, noutras áreas, para ver “como está a ser utilizado o estacionamento no espaço público”.

 

“Vai permitir disponibilizar informação em tempo real aos utentes, através de uma aplicação num ‘smartphone’”, para que possam decidir “se deixam o carro fora do centro histórico ou se vale a pena andar às voltas à procura de estacionamento”, indicou.

 

Outra ação prática é a criação fora das muralhas de uma “plataforma logística agregadora” para receber mercadorias e produtos, cuja distribuição, ao invés de envolver muitos veículos de cargas e descargas a circularem no centro, será feita “por um veículo elétrico, com um percurso otimizado”, o que vai diminuir as emissões de CO2. Análise de fluxos e identificação de vias prioritárias para andar a pé ou de bicicleta, captura de CO2 através dos espaços verdes, implementação de iluminação pública com recurso a LED e respetiva telegestão ou a realização de estudos de eficiência energética em edifícios camarários são outras ações previstas.

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