Os quatro monges da Ordem da Cartuxa que vivem em clausura num mosteiro na periferia de Évora vão mudar-se para outro, em Espanha, até ao final deste ano. "O Capítulo Geral da Ordem da Cartuxa decidiu que nós, que somos dois octogenários e dois nonagenários e que já somos poucos para manter isto de pé, iremos para uma Cartuxa espanhola, perto de Barcelona", indicou o padre Antão Lopez, contactado pela Lusa através de telefone.
O monge e prior da Cartuxa de Évora disse que não sabe ainda mais pormenores sobre a mudança, nem uma data concreta para a sua concretização, remetendo para "meados de agosto" mais esclarecimentos sobre a decisão. "Como vamos fazer não sei ainda. O que fazemos aos livros e às coisas e outros pormenores ainda não sabemos ainda", notou o padre Antão Lopez, assinalando que "o tempo é longo" e que "ainda são meses" até à mudança.
O Mosteiro de Santa Maria Scala Coeli, conhecido localmente como Convento da Cartuxa, "lugar icónico" da cidade de Évora, é o único mosteiro contemplativo masculino de Portugal. A Fundação Eugénio de Almeida (FEA) é responsável pela Cartuxa de Évora, não apenas enquanto "património histórico, artístico e arquitetónico de grande valor", mas, sobretudo, enquanto "centro de vida espiritual único em Portugal".
São Bruno fundou a Ordem dos Cartuxos, que deve o seu nome à aldeia francesa de Saint Pierre de Chartreuse, perto de Grenoble, para onde o Santo se retirou com seis companheiros para se dedicarem à oração e à vida contemplativa. A instauração desta ordem em Portugal deveu-se a D. Teotónio de Bragança (1530-1602), sendo o Convento da Cartuxa de Évora dedicado à Virgem Maria, sob a denominação "Scala Coeli", a Escada do Céu.