Num relatório da Inspeção- -Geral da Administração Interna (IGAI) conhecido esta semana, a ex-responsável pelo organismo aponta falhas na formação em direitos humanos na Guarda Nacional Republicana (GNR) e na Polícia de Segurança Pública (PSP) e diz que urge fazer uma reorganização do dispositivo que, neste momento, está desadequado para as necessidades das populações. Os profissionais da guarda dizem que as prioridades estão invertidas e que o verdeiro problema tem a ver com a “carência de efetivos”: “Há postos da GNR em que o comandante é comandante dele próprio”.
Texto Aníbal Fernandes
Formação, organização e condições de trabalho são as três frentes que o relatório da Inspeção--Geral da Administração Interna (IGAI) identifica como as mais problemáticas na atuação das polícias: falta formação em direitos humanos e preparação para os vários cenários em que atuam; uma distribuição desadequada do dispositivo no território nacional; e défice de efetivos.
A Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR), em comunicado, considera que o relatório inverte as prioridades, mas “não está surpreendida com as conclusões”, pondo, no entanto, um enfoque “na carência de efetivos e nas condições de trabalho”. António Barreira, dirigente da APG, responsável pela organização nos comandos de Faro, Beja e Évora, em declarações ao “Diário do Alentejo”, diz que a “falta de efetivos, que resulta da diminuição de alistamentos”, bem como a atribuição de novas missões, como é o caso dos grupos de intervenção de proteção e socorro (GIPS) ou do Serviço de Proteção da Natureza e Ambiente (Sepna), têm como consequência a “falta de homens nos postos”.
Quanto à reorganização de postos e esquadras, que considera importante fazer, António Barreira recomenda que o mesmo seja feito “em colaboração com os autarcas”. No entanto, para se evitar que, em alguns turnos, fiquem apenas “dois ou três homens a tomar conta de dois ou três concelhos”, defende “uma aposta reforçada na formação”, diz o sindicalista.
“Beja não pode ser só lembrada pelos políticos quando veem a placa com o nome a caminho do Algarve”, acrescenta, dizendo que os problemas são mais vastos e prendem-se também com os meios ao dispor dos guardas, nomeadamente, “a frota automóvel que está envelhecida, com muitos carros a ultrapassarem os 600 e 700 mil quilómetros percorridos”.