Diário do Alentejo

Bienal de Marionetas leva 28 companhias a Évora

04 de junho 2019 - 09:55

Texto Luís Godinho

 

Com 28 companhias de marionetas, oriundas de 11 países diferentes, a Bienal Internacional de Marionetas de Évora (BIME) propõe, até 9 de junho, um “programa ambicioso”. Ao todo serão 85 os artistas que irão atuar em espaços tão distintos da cidade como o Jardim Diana, o mercado ou o Teatro Garcia de Resende. Continuando com números: 73 sessões de teatro de marionetas ao longo de seis dias. E uma programação que dá especial atenção às expressões tradicionais e aos espetáculos dedicados ao público de todas as idades.

 

“Vamos receber, nas ruas e praças da cidade, uma companhia vinda da China, os Yangzhou Puppet Institute. Esta companhia é herdeira da mais cuidada tradição do teatro de marionetas chinês e tem um sério trabalho de pesquisa sobre esta arte milenar chinesa a sustentar as suas apresentações, absolutamente mágicas”, diz José Russo, diretor artístico da BIME.

 

O espectáculo Venti Contrari dos italianos Is Mascarredas, é outra das propostas em destaque. “Conta-nos uma história sobre a importância das marionetas, uma história delicada, baseada na história de duas irmãs que, na Itália do pós-guerra, construíram marionetas para dar vida a uma cidade”.

 

José Russo destaca ainda a passagem por Évora da companhia dinamarquesa Sofie Krog Teater com uma “história de amor e inveja, a história de um circo, o Circus Funestus, contada com recurso a dispositivos cénicos surpreendentes”.

 

A Companyia Jordi Bertran, de Espanha, a Fernán Cardama, da Argentina, o Teatro de Ferro, de Portugal, ou Teatro Hugo e Inês, do Peru, são outras das companhias que integram a programação deste ano.

“A Bienal Internacional de Marionetas de Évora é um acontecimento que marcou, ao longo das suas edições, a história da cultura na cidade e contribuiu para a construção de um modo de viver e fazer cultura na região”, acrescenta José Russo.

José Russo, diretor da BIMEJosé Russo, diretor da BIME

Em entrevista ao Diário do Alentejo, o diretor da BIME sublinha que a edição deste ano “tem um significado especial” pois, devido a constrangimentos financeiros, não foi possível realizar a iniciativa nos últimos seis anos. “É o resultado de muita persistência e de alguma insistência, também, e da colaboração, reconhecimento e apoio de diversas entidades”. Ponto de encontro para companhias e artistas e vindos de diversas partes do mundo, a Bienal tem apostado desde a primeira edição, em 1987, numa programação onde é dado especial destaque às expressões tradicionais, à salvaguarda e divulgação “desse importante património que são as representações populares de marionetas do mundo inteiro”.

 

“É importante sublinhar que os Bonecos de Santo Aleixo são os verdadeiros anfitriões da Bienal. Os Bonecos de Santo Aleixo são um património com grande relevância regional, nacional e internacional que importa manter vivo, nas ruas, nos teatros, nos cafés. Fazem parte da identidade regional, foram transmitidos de geração em geração e partilham o seu tempo connosco”, refere José Russo, acrescentando que o centro histórico de Évora “tem condições excecionais” para acolher este tipo de iniciativas culturais. 

“É um grande palco ao ar livre. Mas esse cenário é construído por todos, em todos os momentos. Na tradição popular, os espetáculos de marionetas eram itinerantes e serviam de pretexto para reuniões da comunidade, para o encontro de gerações e para a partilha muito animada de saberes e opiniões. Essa tradição de ocupação do espaço público é algo que a Bienal sempre se preocupou em preservar e que se tem esforçado por garantir, em todas as edições”.

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