Diário do Alentejo

Linha de Évora: cidadãos querem novo traçado

28 de maio 2019 - 20:00

Três movimentos cívicos defenderam hoje, no parlamento, uma alternativa à solução dois sobre o atravessamento ferroviário previsto para Évora apresentada pela Infraestruturas de Portugal (IP), afirmando que poderá ter impactos negativos para os cidadãos e para o ambiente.

 

Os movimentos apresentaram as suas alternativas na comissão parlamentar de Economia, Inovação e Obras Públicas, num requerimento do PSD e PCP sobre o atravessamento da linha ferroviária no concelho de Évora, no sub troço Évora-Évora Norte, no âmbito do Corredor Internacional Sul Sines-Elvas (Caia).

 

De acordo com os movimentos, a hipótese dois não respeita o traçado da linha de Reguengos de Monsaraz e as tomadas de vistas entre a cidade a Estrada Nacional (EN) 254 de Redondo.O representante do movimento Évora Unida revelou haver “alguma obscuridade” no processo, uma vez que o presidente da câmara de Évora disse à população, na semana passada, que decisão já estava tomada. “Há alguma obscuridade no que é a decisão técnica e política. Não sabemos se a decisão já está tomada. O que sei é que houve uma decisão da APA [Agência Portuguesa do Ambiente]”, adiantou. “O que pedimos agora é que é importante lutar para que a linha ferroviária minimize os impactos ambientas e sociais”, realçou José Caetano, salientando que a intervenção deve “potenciar o desenvolvimento da região”.

 

Para o representante do movimento Évora Unida, a linha férrea é fundamental por causa do porto de Sines, que é o mais próximo da capital espanhola, Madrid, referindo que deve ser construída uma rede de transporte misto (mercadorias e passageiros). 

“Não queremos uma linha onde só podem andar comboios de mercadorias. Queremos que traga todos os seus potenciais. Naturalmente, os impactos existem sempre”, declarou José Caetano, admitindo que, das opões apresentadas, a três era a melhor, mas “foi repudiada”.

Por seu lado, o representante do movimento de Eborenses em Defesa da Sua Cidade, Carlos Reforço, considerou que a construção de taludes poderá ter impacto negativo na tomada de vistas e que a opção três só é favorável ao nível de ruído e vibrações. “O estudo do corredor três é apenas favorável ao ruído e vibrações. A linha vai ser eletrificada”, observou, reconhecendo que “uma solução mais distante poderia ser mais benéfica”. Carlos Reforço defendeu também a criação de um cais de carga e de descarga, de modo a permitir o acesso ao parque industrial de Évora.

 

Já a Associação de Moradores da Garraia, pela voz de António Pereira, mostrou-se preocupada com a possível passagem de comboios no centro histórico da cidade alentejana, que é Património da Humanidade.

 

A solução dois tem uma extensão de 10 quilómetros afastando-se do centro da cidade de Évora, enquanto a solução três tem uma extensão de 11 quilómetros com o seu traçado a afastar-se ainda mais para este da cidade. A nova ligação ferroviária a construir entre Évora e Elvas pretende reforçar a conexão ferroviária dos portos e das zonas industriais e urbanas do sul de Portugal a Espanha e ao resto da Europa.

 

Este troço, chamado ‘missing link’, faz parte do corredor internacional sul, que ligará o porto de Sines à fronteira com Espanha, tendo o concurso público sido apresentado no final de março de 2018 pelo primeiro-ministro, António Costa, e o seu então congénere de Espanha, Mariano Rajoy. A conclusão da obra está programada para o primeiro trimestre de 2022, num custo de 509 milhões de euros (quase metade provenientes de fundos europeus), segundo o Ministério do Planeamento e das Infra-estruturas.

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