PS defende que só novas eleições poderão resolver impasse “criado” pela CDU na freguesia de Ferreira do Alentejo. Já os comunistas acusam os socialistas de quererem impor “apenas uma solução [incluir o eleito do Chega no executivo]”.
CDU e PS ainda não se entenderam quanto à composição do executivo da junta de freguesia de Ferreira do Alentejo. Recorda-se que a CDU – nas Autárquicas de 12 de outubro a força mais votada, obtendo quatro mandatos, o PS outros quatro e o Chega um – propôs ao PS “uma solução equilibrada e proporcional ao resultado das urnas, um executivo composto pelo presidente da junta (CDU), um eleito do PS e um eleito da CDU”, uma proposta que refletia “com justiça a confiança expressa pelos eleitores e garantia representação coerente com o voto popular”. Nessa proposta “a CDU incluiu para o PS a presidência da mesa da assembleia de freguesia, um cargo de relevo e de grande responsabilidade democrática, fundamental no escrutínio e acompanhamento do trabalho do executivo, o que demonstra a total abertura e espírito de cooperação da CDU”. A proposta foi, no entanto, rejeitada pelos socialistas, que defendiam incluir no executivo “o único eleito do Chega”.Para hoje, sexta-feira, estava agendada nova assembleia de freguesia, a quarta desde as Autárquicas. A junta está atualmente a funcionar em gestão limitada, com a presidente eleita pela CDU, Sandra Albino, e uma vogal que transitou do anterior executivo, Sónia Sesinando.Entretanto, o PS, em comunicado enviado ao “Diário do Alentejo” (“DA”), esclarece que “a lei diz que o partido vencedor fica imediatamente com o presidente da junta, ou seja, a presidente da junta é da CDU conforme resultou das eleições”, e, a seguir, também de acordo com a lei, “os outros dois membros que têm de compor a junta, secretário e tesoureiro, são eleitos pelos nove membros da assembleia de freguesia e, nesta, a CDU só tem quatro membros”. “As eleições deram à CDU a presidência da junta – e só isso”, reforça, adiantado que “o executivo tem de ser construído com base nos eleitos para a assembleia [de freguesia], onde a CDU é minoritária”. No mesmo documento, refere, que “perante a ausência sistemática de propostas credíveis e a persistência da tentativa da CDU de governar como se tivesse maioria absoluta, o PS desafia a CDU e o Chega a permitir que o povo decida novamente”, acrescentando que “está preparado para ir a eleições e para assumir, com transparência e responsabilidade, o compromisso de devolver estabilidade e governabilidade à freguesia de Ferreira do Alentejo”.João Português, membro da Comissão Coordenadora Concelhia da CDU de Ferreira do Alentejo, em declarações ao “DA”, acusa, por sua vez, o PS de não querer “viabilizar nada”. “Nós estamos disponíveis para discutir, flexibilizar, mas o PS quer impor apenas uma solução [incluir o eleito do Chega]”. E adianta: “Nós nunca tivemos qualquer discussão com o Chega. O Chega, nas reuniões, nunca propôs que ficasse no executivo. É sempre o PS que o propõe. A aceitar uma situação desse género, a CDU ficaria em minoria no executivo e achamos que não é isso que os eleitores decidiram. Os eleitores decidiram por uma mudança. Sabemos que não temos maioria, damos ao PS, como segunda força política mais votada, o lugar de tesoureiro ou de secretário, e a presidência da assembleia”. Para João Português, “um presidente de junta não pode ir trabalhar com duas pessoas de outras cores [partidárias], têm de ser pessoas de confiança”. O responsável sublinha, ainda, que este impasse já está a ter repercussões, nomeadamente, ao nível da atribuição de apoios solicitados à junta, que, neste momento, “não estão a ser dados, designadamente, apoios ao movimento associativo e famílias”. Quanto à realização de nova assembleia de freguesia, João Português frisa que a CDU vai fazer “mais uma tentativa, embora o PS já tenha tornado público que quer ir a eleições”, o que “é extemporâneo” e revelador “daquilo que o PS sempre quis, porque nunca aceitou a derrota”. Igualmente contactado pelo “DA”, o presidente da Concelhia de Ferreira do Alentejo do PS, Luís Pita Ameixa, garantiu que se mantém o que foi veiculado no comunicado de imprensa.NP