Três Perguntas a Doroteia Ramos, presidente da associação OncoMira – Pessoas e Oncologia
A propósito da constituição da associação OncoMira – Pessoas e Oncologia, criada em Odemira e que congrega um grupo de cidadãos que se dedica a apoiar pessoas com doença oncológica, o “Dário do Alentejo” conversou com a sua presidente, Doroteia Ramos, sobre as principais valências que esta associação pretende disponibilizar, a capacidade de resposta que a região consegue dar resposta. Bem como o tipo de decisões políticas que deveriam ser tomadas a curto/médio prazo para ser uma ajuda mais relevante ao doente.
Texto José Serrano
A OncoMira – Pessoas e Oncologia, recentemente criada, congrega um grupo de cidadãos que se dedica a apoiar pessoas com doença oncológica. Quais as valências que esta associação pretende disponibilizar?
Somos um grupo de pessoas unidas com a missão de apoiar pessoas com doença oncológica, as suas famílias e amigos – a OncoMira nasceu para cuidar de quem mais precisa. A nossa associação tem o objetivo de prestar apoio psicológico e emocional, acompanhamento social e orientação nos direitos, reabilitação física e bem-estar, conselhos nutricionais e organizar grupos de partilha e informação. É nossa intenção melhorar a qualidade de vida, combater o estigma e dar apoio a quem vive com cancro, sensibilizando, ao mesmo tempo, a comunidade para a prevenção da doença.
Considera que a região tem capacidade de dar resposta ao doente oncológico?
Infelizmente, sentimos que as respostas são insuficientes para quem enfrenta uma doença oncológica. Doentes e famílias continuam a enfrentar dificuldades em aceder a apoio psicológico, social e físico, adequado às suas necessidades. É por isso que a OncoMira – Pessoas e Oncologia nasceu para reforçar a rede de cuidados na nossa região e para lembrar que cada pessoa merece ser acompanhada de forma digna, humana e solidária. O nosso compromisso é estar ao lado dos doentes e das suas famílias e amigos, melhorar a qualidade de vida em todas as fases da doença e sensibilizar a comunidade para o apoio necessário.
Que decisões políticas deveriam ser tomadas a curto/médio prazo, capazes de proporcionar, na região, uma ajuda mais relevante ao doente oncológico?
O cancro não espera. As políticas de saúde também não deviam esperar. Na nossa região, muitas pessoas enfrentam a dura realidade de um diagnóstico oncológico. É urgente agir com medidas concretas que melhorem a vida dos doentes e das suas famílias. É preciso garantir mais programas de rastreio e diagnóstico precoce, gratuitos e acessíveis a toda a população; reforçar as equipas de saúde com mais médicos, enfermeiros e psicólogos especializados, para reduzir as listas de espera; assegurar que os tratamentos oncológicos estão disponíveis em hospitais da região, evitando deslocações longas e desgastantes; integrar apoio psicológico e social nos cuidados, para ajudar os doentes e as famílias a lidar com o impacto emocional e financeiro da doença; alargar a rede de cuidados paliativos, para que ninguém viva a fase final da doença sem dignidade e acompanhamento. A saúde é um direito fundamental. Os doentes oncológicos precisam, mais do que promessas, de decisões políticas à altura da sua luta.