Três Perguntas a Mário Tomé, presidente da Câmara Municipal de Mértola
A propósito da apresentação, na passada quarta-feira, dia 25, em Mértola, da cátedra “Caça e Biodiversidade”, que ficará sediada na estação biológica local, o “Diário do Alentejo” conversou com o presidente da Câmara Municipal de Mértola, Mário Tomé, sobre o conceito desta iniciativa e a sua importância para o concelho, bem como a ligação entre o mundo rural e a academia para o funcionamento da prática cinegética sustentável.
Texto José Serrano
Foi apresentada, na passada quarta-feira, dia 25, em Mértola, a cátedra “Caça e Biodiversidade”, que ficará sediada na estação biológica local. Como nos apresenta esta iniciativa?A criação da cátedra “Caça e Biodiversidade” representa um passo muito significativo para o concelho de Mértola e para toda a região do Baixo Alentejo. Trata-se de uma parceria estratégica que envolve o município, um conjunto de entidades privadas ligadas à gestão cinegética, a Associação Biopolis e a Universidade do Porto, contando, também, com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Esta cátedra constitui-se como um espaço de produção de conhecimento científico de excelência, focado em espécies como a perdiz-vermelha, o coelho-ibérico e a lebre-ibérica. Através desta iniciativa pretende-se reforçar a ligação entre ciência, território e sustentabilidade, contribuindo de forma concreta para a valorização do nosso património natural e cultural. A cátedra, com duração de três anos, tem início previsto para este ano, após a conclusão do processo de recrutamento do investigador responsável.
A aliança entre o mundo rural e a academia revela-se, atualmente, fundamental para que a prática cinegética seja sustentável, antevendo-se poder estar presente nas vidas das gerações vindouras?Sem dúvida. A articulação entre o conhecimento empírico do mundo rural e o saber científico é, hoje, fundamental para garantir a sustentabilidade da atividade cinegética. Só com base em dados concretos e rigorosos é possível responder aos desafios que o setor enfrenta – desde a perda de biodiversidade, passando pelas doenças emergentes, até à gestão do uso do solo. Esta cátedra permitirá desenvolver investigação aplicada, formar técnicos e gestores e apoiar políticas públicas, com base na evidência. É um contributo essencial para assegurar que a caça continue a fazer parte da vida e da identidade das futuras gerações, de forma equilibrada e responsável.
Sublinha esta cátedra a importância vital da caça para o concelho de Mértola?Sim. Em Mértola a caça é muito mais do que uma atividade lúdica ou económica – é um elemento estruturante da paisagem, da economia local e da nossa identidade rural. Tem um papel ativo na conservação da natureza, no equilíbrio dos ecossistemas e na dinamização do território. A cátedra “Caça e Biodiversidade” reconhece esta importância e vem reforçar a ideia de que é possível conjugar conservação e desenvolvimento, tradição e inovação. Através do trabalho que aqui será desenvolvido, pretendemos consolidar Mértola como um território de referência na gestão integrada dos recursos cinegéticos, sempre com uma visão de futuro.