Diário do Alentejo

“Os sobreviventes de AVC raramente pedem ajuda, reprimindo os seus sentimentos, por vergonha da sua condição”

21 de junho 2025 - 08:00

Três Perguntas a Rosa Mendes, médica coordenadora da Unidade de AVC da Ulsba e dinamizadora do Grupo de Ajuda Mútua de Sobreviventes de AVC de Beja (GAM Beja)

 

A propósito da recente criação do Grupo de Ajuda Mútua de Sobreviventes de AVC de Beja (GAM Beja), uma iniciativa conjunta da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (Ulsba) e da associação nacional Portugal AVC, o “Diário do Alentejo” quis saber mais sobre a importância desta iniciativa para os sobreviventes de AVC.

 

Texto José Serrano

 

O GAM Beja, recentemente criado, é uma iniciativa conjunta da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (Ulsba) e da associação nacional Portugal AVC. Quais os objetivos a que esta iniciativa se propõe?O GAM AVC é um grupo de pessoas que se unem, de forma livre e voluntária, com uma experiência de vida e de saúde comum: o AVC. Tem como objetivos a aceitação/adaptação dos limites dos sobreviventes, a partir da experiência de outros; a partilha de perspetivas, conhecimentos e sentimentos, para auxiliar a resolver problemas de recuperação; abordar temas dirigidos aos sobreviventes (sono, condução de veículos, regresso ao trabalho, reabilitação,  barreiras arquitetónicas em casa e na rua); facilitar a integração, aprendendo a ultrapassar limitações impostas pela doença, a nível individual, familiar e social; combater a solidão e aumentar a autoestima; contribuir para a sensibilização da sociedade sobre o AVC e da prevenção primária de fatores de risco.

 

Existe, regra geral, facilidade em pedir ajuda, por parte das pessoas que sofreram AVC? Os sobreviventes de AVC raramente pedem ajuda, reprimindo os seus  sentimentos, por vergonha da sua condição (motora, comunicativa ou cognitiva), porque a sociedade ignora as dificuldades/barreiras a que estas pessoas estão sujeitas no dia a dia ou por desconhecimento dos recursos/ /direitos/benefícios que a comunidade tem para lhes oferecer. Para grande surpresa da equipa dinamizadora do GAM, a primeira sessão realizada (neste mês) no Hospital José Joaquim Fernandes teve uma grande adesão de sobreviventes de AVC (26) e seus familiares, com uma faixa etária entre os 45 e os 80 anos, vindos desde diferentes zonas do distrito de Beja. 

   

Partilhar sentimentos/dificuldades com pessoas com experiências similares pode ser consideravelmente benéfico para o dia a dia dos utentes de um grupo de ajuda mútua como este?O GAM Beja pretende ser um espaço de diálogo, aberto entre iguais, de acolhimento (sem barreiras ou preconceitos), de partilha voluntária de experiências, de formação positiva e de convívio, capaz de proporcionar mudanças pessoais e/ou sociais aos participantes, de forma a quebrar o isolamento social. Convidamos todos os que queiram participar no GAM Beja – primeira terça-feira de cada mês, às 17:30 horas, na sala de conferências da Ulsba.

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