Pais, encarregados de educação e crianças reuniram-se na passada quarta-feira, dia 18, junto ao portão principal do Centro Escolar de Santiago Maior, em Beja, descontentes com o calor extremo que se faz sentir dentro das salas de aula. Em causa está a falta de climatização adequada do edifício que prejudica o desempenho escolar dos alunos.
Texto e Foto | Ana Filipa Sousa de Sousa
“Os nossos filhos estão a sair daqui às 15:00 horas, completamente derretidos em suor. Condições que não são as mínimas para estarem concentrados, estamos em época também de testes finais e a escola não resolve a situação”. É desta forma que Pedro Santos, porta-voz do grupo de pais e encarregados de educação do 2.º B, dá a conhecer ao “Diário do Alentejo” (“DA”) a situação “que se verifica há vários meses”.
Em causa está a inexistência de um sistema de climatização adequado nos edifícios que albergam o 1.º ciclo de escolaridade que, “com as temperaturas de 40 graus dos últimos dias”, tem feito com que “as crianças saiam daqui completamente derretidas ao fim do turno de aulas”.
“São temperaturas muito altas, que fazem com que as crianças não estejam concentradas, [porque] estão sempre a transpirar. É uma situação muito má, tanto para quem educa como para quem está a tentar aprender”, realça também Susana Teixeira, mãe de um aluno.Com cartazes colados nos portões do estabelecimento e de mãos dadas, cerca de 30 pais, familiares e crianças pediram na quarta-feira, dia 18, “soluções” e “respostas” para o problema, realçando que “a situação decorre há pelo menos dois anos”.
“Quem de direito já está avisado há muito tempo, isto não é de agora... Isto acontece há muitos anos, pelo menos há dois que o meu filho está aqui, [mas] isto já acontecia antes e nós temos de dar voz e apelar para que a situação se resolva”, afirmou, por seu turno, Cláudia Canário, mãe de um aluno da mesma sala.
As condições “adversas” e “desumanas” estão, segundo os encarregados de educação, a ter “reflexos” no comportamento e na concentração e a prejudicar, consequentemente, o normal funcionamento das aulas. Ainda assim, a situação não é recente. No inverno, segundo Pedro Santos, os episódios eram idênticos, porém, relacionados com o frio.
“Nós temos conhecimento que houve crianças que durante o mês de dezembro vieram para as aulas de blusão, porque tinham frio. Esta escola não tem uma climatização adequada para aquilo que é a prática do ensino e aquilo que nós estamos à procura é de um melhor conforto para os nossos filhos”, assegura.
A Câmara Municipal de Beja, em nota de imprensa enviada ao “DA” na terça-feira, dia 17, confirmou que na segunda-feira, dia 16, registou “uma avaria no sistema central de climatização do Centro Escolar de Santiago Maior”, que afetou a ventilação “de 30 salas de aulas e dos diversos espaços comuns daquele estabelecimento de ensino”.
De “imediato”, avançam, foi ativada “uma equipa técnica especializada para proceder ao diagnóstico e à reparação” e “o sistema de climatização foi parcialmente restabelecido”, estando, por isso, “reunidas as condições para que o estabelecimento de ensino continue a funcionar”.
Os pais, embora tenham conhecimento desta anomalia no sistema, afirmam que o principal problema é que “a climatização que existe nesta escola é uma climatização centralizada que não é a solução”.
“Uma parte da escola apanha mais sol do que a outra, ou seja, as temperaturas são diferentes. [Por isso], queremos que a câmara consiga colocar aparelhos individualizados em cada sala para que cada um consiga gerir a sua temperatura ideal”, reforça Susana Teixeira.
Pedro Santos espera agora que os responsáveis pelo centro escolar “olhem para esta situação de uma vez por todas” e “que a resolvam”, porque, no seu caso, as filhas ainda têm de frequentar aquele estabelecimento “mais dois anos”.
“De certeza que o calor não vai acabar este ano [e] o frio também não. Para além das nossas crianças, queremos que, no futuro, as crianças que vierem para esta escola tenham uma melhor qualidade no ensino”, admite.
Na mesma nota, a autarquia bejense reiterou, ainda, que “estão a ser estudadas soluções alternativas de climatização que, caso necessário, poderão avançar nos próximos dias”, uma vez que “o conforto térmico de alunos, docentes e restante comunidade educativa será sempre uma prioridade”.
“Infelizmente, a situação não se está a resolver e não vai ser tão cedo resolvida”, lamenta, por fim, Cláudia Canário.