Diário do Alentejo

“A altitude extrema foi um desafio constante”

15 de junho 2025 - 08:00
Maratona mais alta do mundo concluída por mourense

José Maria Garcia, 27 anos, natural de Moura

 

Com formação em gestão hoteleira, trabalha atualmente como barman no Hotel Tivoli Avenida Liberdade, em Lisboa. Nos seus tempos livres pratica trail running (corridas de montanha) – sendo atleta da Casa do Benfica de Moura – e participa em provas do campeonato nacional e do circuito mundial UTMB da modalidade.

 

José Maria Garcia terminou, no final do mês de maio, a Everest Marathon, no Nepal, a “maratona mais alta do mundo”, que se realiza a 5300 metros de altitude, ao longo de 42 quilómetros de montanha, pedras, neve e gelo.

 

Tendo nascido nas planícies do Baixo Alentejo, o que o impeliu a competir na montanha mais alta do mundo, numa prova considerada como um “desafio insano”?Tenho um interesse bastante antigo pelo Nepal. Quando descobri, há dois anos, que existia uma corrida que começava no campo base do Evereste, soube que seria a ocasião perfeita para visitar o país, não apenas para fazer o trekking, de 11 dias, até ao campo base, mas, também, para participar nesta maratona. Correr a 5300 metros de altura atraiu-me bastante, pois queria ver como o meu corpo reagiria a essa altitude extrema e ao desafio físico que a corrida representava. Mas o que realmente me impulsionou a avançar com esta ideia foi um desafio que fiz ao meu primo António Lobo de Vasconcellos, também ele alentejano, natural de Santiago do Cacém. Sabia que ele era alguém capaz, e “louco” o suficiente, para aceitar o repto. Foi uma aventura que encarámos com muito entusiasmo e que nos levou a superar os nossos limites.

 

Presumo que para cumprir esta prova tenha realizado treino específico… Durante vários meses treinei com uma máscara que reduz o oxigénio e dificulta a respiração, o que permitiu adaptar-me à sensação de falta de ar e desenvolver estratégias para lidar com essa dificuldade. E antes da viagem para o Nepal passei uma semana a treinar na serra Nevada (Espanha), onde o ponto mais alto atinge 3478 metros, para testar a minha resistência em condições, mais ou menos, semelhantes às que encontraria nos Himalaias.

 

Quais as principais dificuldades que esta prova lhe colocou?Muitos enjoos, problemas intestinais, dores de cabeça, cansaço e respiração ofegante, mesmo sem fazer qualquer esforço. A altitude extrema foi um desafio constante e, durante a prova, passámos por momentos muito complicados.

 

É o primeiro mourense, e o terceiro português, a terminar a Everest Marathon. Considera que este seu feito pode incentivar outros atletas da região a competirem em maratonas de alta altitude?A nossa região tem um grande potencial para “produzir” atletas de alto nível. Espero que a minha experiência possa inspirar outros a seguir os seus sonhos e a superar os seus limites, seja em que modalidade for.

 

Qual o impacto que esta maratona produziu em si? De que forma o marcou?O que mais me marcou foi o apoio que recebi da minha família, dos amigos e conhecidos, fundamental para alcançar a força e a resiliência necessárias para superar os desafios e chegar ao fim da prova. Esse apoio dá-me, ainda, mais motivação para participar em novas aventuras. José Serrano

Comentários