Diário do Alentejo

“O princípio fundamental é que todas as horas têm o mesmo valor, independentemente do tipo de atividade realizada”

14 de junho 2025 - 08:00

Três Perguntas a Catarina Serraninho, coordenadora da Agência do Banco do Tempo de Beja

 

A propósito da recente integração da Santa Casa da Misericórdia de Beja (SCMBeja) na Rede Nacional do Banco do Tempo, uma iniciativa que promove a entreajuda e a solidariedade, o “Diário do Alentejo” conversou com a coordenadora da Agência do Banco do Tempo de Beja, Catarina Serraninho, sobre o funcionamento desta atividade, os utilizadores preferenciais e o tipo de competências para dela fazer parte, assim como os objetivos que a SCMBeja gostaria de atingir com este projeto.

 

Texto José Serrano

 

A Santa Casa da Misericórdia de Beja (SCMBeja) pertence, desde a passada semana, à Rede Nacional do Banco de Tempo, iniciativa que promove a entreajuda e a solidariedade. De que forma funciona este banco?O Banco de Tempo é um sistema de organização de trocas solidárias de tempo. A moeda de troca é a hora. Cada participante oferece o seu tempo para realizar tarefas ou prestar serviços com base na sua disponibilidade, recursos e talentos e, em contrapartida, pode utilizar horas disponíveis de outros membros para receber ajuda noutras áreas de que necessite. O princípio fundamental é que todas as horas têm o mesmo valor, independentemente do tipo de atividade realizada. Além disso, as trocas não precisam de ser diretas: quem presta um serviço não tem de o receber da mesma pessoa, podendo beneficiar de outro membro da agência. As trocas poderão ainda realizar-se de um para um ou em grupo. Em Beja, o Banco de Tempo será coordenado localmente, garantindo a organização dos pedidos e ofertas de tempo. E, ainda, promovendo encontros e dinâmicas que incentivem a proximidade e cooperação entre os seus membros.

 

Quem serão os utilizadores preferenciais desta nova valência? Existe a necessidade de deter determinado tipo de competências para dela fazer parte?O Banco de Tempo é para todas as pessoas que se identifiquem com os princípios desta iniciativa. Após a manifestação de interesse, o potencial membro passa por um processo de entrevista, em que indicará os serviços que irá disponibilizar e os que gostaria de receber. Neste sistema não são exigidos “certificados” – as trocas deverão ser atividades que se realizam “com gosto” e que correspondem a recursos e talentos da pessoa. O único requisito é a disponibilidade para dar e receber tempo, através de atividades que cada pessoa saiba e goste de realizar, sejam elas simples tarefas do dia a dia, partilhas de saberes, formas de companhia ou apoio mútuo.

 

Quais os objetivos que a SCMBeja gostaria de atingir com este projeto?A Santa Casa da Misericórdia de Beja encara este projeto como uma ferramenta complementar à sua missão social, com os objetivos de promover a entreajuda, fortalecer os laços comunitários e combater o isolamento social, apostando na valorização da “pessoa”. A agência do Banco de Tempo integra-se numa visão mais ampla da instituição, focada no desenvolvimento de respostas inovadoras e ajustadas às reais necessidades da comunidade. Através da participação ativa dos cidadãos e da mobilização dos recursos locais, pretende-se construir um território mais coeso, solidário e resiliente, onde todos têm um papel a desempenhar.

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