Diário do Alentejo

“É no cruzamento entre os saberes tradicionais (...) e as linguagens mais contemporâneas que um ‘novo’ conhecimento poderá ser desenvolvido”

31 de maio 2025 - 08:00
Três Perguntas a Rita Fialho Valente, coordenadora do Futurama – Ecossistema Cultural e Artístico do Baixo Alentejo

A propósito da inauguração, no passado dia 24, no largo da Conceição, em Beja, do Futurama – Espaço de Artes e Conhecimento, um “lugar de encontro entre a criação artística, o pensamento crítico e a partilha de saberes”, o “Diário do Alentejo” conversou com a coordenadora do Ecossistema Cultural e Artístico do Baixo Alentejo, Rita Fialho Valente, sore a intencionalidade deste novo espaço, as atividades que o mesmo pretende acolher e a possibilidade do trabalho desenvolvido vir a trazer a criação de novos espetáculos e artistas.

 

Texto José Serrano

 

Foi inaugurado no dia 24, no largo da Conceição, em Beja, o Futurama – Espaço de Artes e Conhecimento, definido como “lugar de encontro entre a criação artística, o pensamento crítico e a partilha de saberes”. Pressupõe esta apresentação a intencionalidade de desenvolvimento de um “novo” conhecimento cultural surgido da união entre a tradição e a contemporaneidade?

A inauguração do Futurama, em Beja, surge com a intenção de dinamizar a aproximação da nossa prática – assente em diálogos entre tradição e contemporaneidade, relacionando-os com o património e a natureza – às comunidades locais. Um dos nossos eixos é fomentar laços institucionais com o Museu Rainha Dona Leonor e o Pax Julia Teatro Municipal, triangulando, com o Espaço Futurama, entre património, artes performativas e musicais, e artes visuais e conhecimento, respetivamente. É no cruzamento entre os saberes tradicionais – como a música, o artesanato ou a oralidade – e as linguagens mais contemporâneas, como as artes visuais, a performance ou a tecnologia digital, que um “novo” conhecimento poderá ser desenvolvido.

 

Quais as atividades que este novo espaço pretende acolher?

No primeiro sábado de cada mês vamos oferecer workshops orientados por artistas nacionais e internacionais, contextos privilegiados de experimentação, onde se cruzam disciplinas como as artes visuais, o som, a performance, a escrita ou as artes digitais. No terceiro sábado de cada mês o ciclo “Constelações” promoverá encontros e debates em torno de temas que atravessam as artes e a sociedade contemporânea, como a relação entre arte e tecnologia, o papel do património cultural na atualidade ou as ligações entre prática artística e saúde mental. Estes momentos de reflexão contarão com a presença de artistas, médicos, biólogos, curadores e outros profissionais da sociedade civil, promovendo o diálogo interdisciplinar e a construção de pensamento crítico coletivo. Quadrimestralmente teremos, patente, uma exposição diferente.

 

É expectável que do trabalho desenvolvido neste espaço possa advir a criação de espetáculos e a possibilidade de apresentação de novos artistas?

A periodicidade regular da nossa programação, que se dirige tanto aos públicos mais jovens como adultos, vai certamente estimular novos conhecimento e abrir horizontes a todos os que nos visitam e participam nas atividades. No Espaço Futurama, ou fora dele, continuaremos comprometidos com a criação artística e estamos interessados, sobretudo, em descobrir novas vozes, locais e da região, de gerações mais jovens, apoiando o seu crescimento como artistas. Exemplo disso é o nascimento do Grupo de Cante Alentejano Futurama, que tem a particularidade de cantar exclusivamente modas originais e contemporâneas, encomendadas a autores de língua portuguesa, no âmbito do projeto “Cantexto”.

Comentários