Diário do Alentejo

“A ideia base da ‘Casa da Memória – Espaço de Arqueologia’ é oferecer uma leitura integrada e acessível do território de Baleizão ao longo do tempo”

24 de maio 2025 - 08:00
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TRÊS PERGUNTAS A  André Tomé, coordenador do projeto “À Descoberta de Baleizão”

 

A propósito da recente assinatura do protocolo de cooperação entre a Câmara Municipal de Beja, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo e a Junta de Freguesia de Baleizão que prevê a criação, na aldeia, do centro museológico “Casa da Memória – Espaço de Arqueologia” o “Diário do Alentejo” conversou com o coordenador do projeto “À Descoberta de Baleizão”, André Tomé, sobre o propósito deste espaço, a riqueza do património arqueológico da freguesia e o papel que este recurso representará no âmbito do desenvolvimento comunitário da localidade.

 

Texto José Serrano

 

Foi, recentemente, assinado, um protocolo de cooperação entre a Câmara de Beja, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo e a Junta de Freguesia de Baleizão, prevendo a criação, nesta aldeia, do centro museológico “Casa da Memória – Espaço de Arqueologia”. Até onde alcançará este espaço expositivo a memória histórica deste território? A ideia base da “Casa da Memória – Espaço de Arqueologia” é oferecer uma leitura integrada e acessível do território de Baleizão ao longo do tempo. O acervo é constituído por materiais provenientes de intervenções arqueológicas realizadas nas últimas décadas, com especial destaque para a paisagem humanizada pré-histórica e romana. Mais do que uma exposição de objetos, será um lugar de interpretação, capaz de ligar os vestígios materiais à memória coletiva e à vivência atual da aldeia.

 

Como classificaria a riqueza do património arqueológico da freguesia de Baleizão que estará expositivamente disponível? Baleizão possui um património arqueológico notável, ainda, em grande parte, por revelar. A freguesia situa-se numa zona onde confluem antigos caminhos e áreas de povoamento contínuo, o que se traduz num registo arqueológico muito rico. Sítios fabulosos como o Batum, Monte da Contenda ou Fonte dos Frades estarão representados. Outros, menos conhecidos, passarão a ter espólio exposto ao público, testemunhando a riqueza desta área na orla do grande rio do sul. Isso é conhecido dos especialistas, há muito tempo, assim como da população de Baleizão. Baleizoeiros, como José Ambrósio, que sempre lutaram por este reconhecimento, ficariam certamente felizes com esta casa da memória.

 

Que papel poderá este recurso representar no âmbito do desenvolvimento comunitário da freguesia?A previsão é que o espaço abra ao público, ainda, em 2025, permitindo, pela primeira vez, dar visibilidade a este património, numa lógica de proximidade e pertença. A ideia é que as pessoas da terra possam, também, contribuir com as suas memórias, com o que viram em tempos idos – notícias de achados antigos de que se recordem. Também se pretende uma mediação cultural ativa, com a presença frequente de escolas e da população, precisamente, para esse tipo de momentos de partilha. A junta de freguesia tem a ideia de criar um modelo de acolhimento em que os próprios habitantes de Baleizão assegurem, em regime rotativo, a receção aos visitantes, reforçando o envolvimento da comunidade na gestão do seu património. Veremos se será possível. Não queremos construir um núcleo fechado. A ideia é que o espaço possa abrir sempre que existir alguém para o visitar.

 

 

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