A propósito do seminário internacional dedicado ao tema “As mudanças emergentes na intervenção social e os desafios da imigração”, promovido pelo núcleo distrital de Beja da EAPN, o “Diário do Alentejo” ouviu o presidente do núcleo distrital de Beja da EAPN Portugal/Rede Europeia Anti-Pobreza, João Martins, sobre os desafios que se impõem para este território.
Texto José Serrano
O núcleo distrital de Beja da EAPN promoveu, recentemente, um seminário internacional dedicado ao tema “As mudanças emergentes na intervenção social e os desafios da imigração”. Quais as principais conclusões retiradas deste encontro?
Como principais conclusões desta iniciativa, onde várias especialistas de diferentes geografias intervieram, ficou clara a necessidade de, ao nível social e a outros níveis, adequar estratégias e novas formas de atuação e intervenção em rede, face às mudanças e desafios observados, no que concerne ao fenómeno da imigração.
Foram apresentados, neste seminário, exemplos de boas práticas de integração de imigrantes. Que exemplos consideraria benéficos serem replicados em Beja?
Neste seminário foi referida, por um lado, a existência, sobretudo, de dois tipos de imigração, nomeadamente, temporária e permanente, em que a questão da habitação foi um dos domínios apontados e considerado crítico no processo da integração de imigrantes. Por outro lado, o fenómeno da emigração de portugueses para outros países foi tema, de igual forma, abordado e referenciado. Um dos exemplos apresentados que, porventura, poderá ser ajustado à realidade do Baixo Alentejo diz respeito à mão de obra temporária de suporte ao setor agrícola, em Tariquejo, localidade em Cartaya, província de Huelva, na vizinha região da Andaluzia espanhola: com o apoio do ayuntamiento, que cedeu um terreno fora da localidade, foi contruída uma residência para trabalhadores temporários, gerida por 11 empresas agrícolas, com capacidade para albergar mais de 700 pessoas, sendo o custo diário da permanência de cada trabalhador suportado pelo empregador. Nesta região observa-se ainda a oferta de habitação condigna em várias explorações agrícolas, quer para trabalhadores temporários, quer para trabalhadores permanentes.
Com o diagnóstico da problemática elaborado, como classifica a imprescindibilidade de pôr, efetivamente, em prática políticas capazes de responder a uma correta integração das populações imigrantes?
Através das várias intervenções no seminário ficou bem patente que para se observar uma correta integração destas populações imigrantes é importante garantir um trabalho em rede entre os setores empresarial, social e institucional. A participação do empregador neste processo é fundamental, desde logo na identificação das necessidades de mão de obra necessária, em termos quantitativos, qualitativos e de período temporal. Foi ainda apontado por vários intervenientes neste seminário ser fundamental a existência de “vontade política” que adeque regras, normas, legislação e a fiscalização necessárias em diferentes domínios, garante de uma correta integração das populações imigrantes, salvaguardando o interesse de todos.