Diário do Alentejo

“Emoções e lutas” de mulheres através da lente

22 de março 2025 - 08:00
Mostra fotográfica de Rui Eugénio, em Vidigueira

Rui Eugénio, 56 anos, natural de Beja

 

Foi o primeiro de uma família muito humilde a estudar na universidade. Sente que, como vereador na Câmara de Beja, tem a responsabilidade e o dever de tentar melhorar a vida daqueles que vivem no seu concelho. Defende que as mulheres deveriam ter um papel mais ativo e preponderante na sociedade. Profundo apaixonado pela fotografia, gosta de estar no momento e local certos para captar situações inesperadas e únicas. Fotógrafo, assumidamente amador, já foi premiado em alguns concursos.

 

Da autoria de Rui Eugénio, o Museu Municipal de Vidigueira tem patente ao público, até ao próximo dia 30, a exposição de fotografia intitulada “Sexto sentido”, mostra que homenageia a Mulher.

 

Como nos apresenta esta sua exposição, que histórias nos conta?

Esta exposição surgiu a partir de um desafio da autarquia de Vidigueira, mostrando interesse em expor um conjunto de fotografias minhas que fizessem alusão à Mulher, para integrar no dia internacional que a celebra. Escolhi 15 fotografias do meu acervo, a preto e branco, que retratam diversas fases e facetas da vida da Mulher, para que se compreendam melhor as suas emoções e lutas, os seus desafios e as suas excecionais capacidades para ocupar cargos de relevo e liderança na sociedade. Dedico esta exposição a todas a mulheres vítimas de violência doméstica e às que padecem ou padeceram de cancro da mama.

 

O que considera necessário saber sobre o universo feminino para que se consiga captar algo, por mais ínfimo que seja, da essência de uma mulher numa imagem?

À margem das questões estéticas e da beleza feminina, os contextos em que fiz a captura das fotos desta exposição permitem transmitir aquilo que pretendo: o empoderamento, a resiliência, a participação cívica, a empatia, a sensibilidade, o bom senso, a responsabilidade, a competência. São características muito marcantes, de forma geral, nas mulheres, que nos ajudam a combater e a erradicar a violência de género, o preconceito, a desigualdade entre homens e mulheres. Basta que façamos o simples exercício de reconhecimento destas qualidades e características e deixemos de ver o mundo apenas em tons de rosa e azul, com tudo o que isso implica em termos culturais e dos ainda instituídos papéis sociais.

 

Os ângulos e os momentos fotográficos que privilegia ao fotografar mulheres são precisamente os mesmos caso os retratados sejam homens?

O que conta é a história que procuro em cada captura. Evito que as minhas lentes tenham esse tipo de filtros distintivos da identidade de género. Uma das fotos da exposição retrata uma mãe que acaba de dar à luz, com o filho recém-nascido nos braços. É um momento muito especial para qualquer mulher. Mas também poderia retratar um pai que acompanha o parto, emocionado ao pegar no seu filho pela primeira vez

 

Qual o sentimento que gostaria que o público desta exposição experimentasse, maioritariamente, ao ver estas suas imagens?

A experiência da inauguração da exposição foi excecional, com o envolvimento e participação de todos os convidados que estiveram presentes. Quem visitar a exposição poderá perceber a sequências das imagens – todas têm um significado. Por um mundo socialmente mais justo e igualitário, onde mulheres e homens tenham as mesmas oportunidades, rendimentos, direitos e obrigações. Gostaria que os visitantes demorassem um pouco de tempo perante cada fotografia, lessem as legendas e refletissem sobre cada imagem.

José Serrano

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