Diário do Alentejo

“Seria um sonho realizado: a existência do primeiro museu de banda desenhada em Portugal, em Beja, a nossa querida cidade”

22 de fevereiro 2025 - 08:00
Três Perguntas a Paulo Monteiro, diretor do Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja

A propósito da recente apresentação, no Museu da Banda Desenhada de Angoulême, em França, do futuro museu de banda desenhada de Beja, o “Diário do Alentejo” conversou com o diretor do Festival Internacional de Banda Desenhada e representante da Bedeteca de Beja, Paulo Monteiro. Quisemos saber sobre como foi percecionado o “nosso projeto” junto dos responsáveis do mais importante espaço expositivo mundial ligado à nona arte, a possível parceria entre Angoulême e Beja no âmbito da museologia de BD, assim como o estado atual do processo que conduzirá à abertura de um museu de BD em Beja.

Texto José Serrano

 

Esteve, recentemente, no Museu da Banda Desenhada de Angoulême, em França, em nome da Bedeteca de Beja, a apresentar aquele que será o futuro museu da banda desenhada de Beja. Como foi percecionado o “nosso projeto” junto dos responsáveis do mais importante espaço expositivo mundial ligado à nona arte?

O Museu de Banda Desenhada de Angoulême é o maior do mundo. Tem um acervo maravilhoso, percorrendo todas as épocas históricas, todos os movimentos artísticos, todos os autores. O convite para este encontro, que incorporava representantes de outros museus e de alguns centros de investigação, constituiu, por isso, uma enorme honra, e suscitou uma grande curiosidade acerca da nossa região e do trabalho que temos desenvolvido. Este convite acaba por premiar o nosso esforço de divulgação da banda desenhada (BD) portuguesa por toda a Europa. Quanto ao museu de BD de Beja a opinião é unânime: é um projeto muito importante que vem preencher uma lacuna no nosso país – tendo uma história tão rica na arte tem que a saber honrar. E Beja é o sítio certo para o fazermos.

 

Pode esta apresentação ser o início de uma parceria entre Angoulême e Beja no âmbito da museologia de BD?

Sim, claro. Debatemos, longamente, várias questões ligadas à museologia. Há uma rede de museus de BD na Europa que potencia as capacidades de cada um dos museus de forma sustentável, promovendo a partilha de experiências (ao nível da conservação, do restauro do papel, etc.) e a circulação de autores, exposições, publicações e projetos – o que poderá ser muito atrativo para os autores portugueses. É uma rede informal (por enquanto) que envolve os museus de BD da Alemanha, Andorra, Espanha, Itália e Suécia, encabeçada pelos dois maiores museus europeus: Angoulême e Bruxelas, na Bélgica. A possível parceria entre Angoulême e Beja teria sempre uma ambição que ultrapassaria, em larga escala, as fronteiras do nosso país. A Bedeteca de Beja está envolvida e muito empenhada, neste momento, em dois projetos maravilhosos, em curso, que podem dar uma dimensão muito maior à nossa presença: a criação da bedeteca de Luanda (Angola) e da bedeteca de Cumura (Guiné-Bissau), dois projetos maravilhosos em que estamos muito empenhados. E, também, na relação privilegiada que temos com o Brasil, nomeadamente, com Pacoti, no Ceará, ou com as gibitecas (bedetecas) brasileiras.

 

Como se encontra atualmente o processo que, espera-se, conduzirá à abertura de um museu de BD em Beja, oferta ímpar em Portugal?

O processo encontra-se numa fase adiantada. Acredito que teremos novidades dentro de pouco tempo. Seria um sonho realizado: a existência do primeiro museu de banda desenhada em Portugal, em Beja, a nossa querida cidade. 

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