Diário do Alentejo

“Que todos os portugueses honrassem esta história”

28 de dezembro 2024 - 08:00
Cem anos da viagem aérea Portugal-Macau em livro ilustrado
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 Filipa de Brito Pais, 47 anos, natural de Lisboa 

Licenciada na Escola Superior de Educação de Lisboa e a concluir o mestrado em Administração Educacional, é professora do 1.º ciclo. Atualmente a lecionar em Palmela, deu aulas no Agrupamento de Escolas de Colos (Odemira) – Escola Básica Aviador Brito Paes – e na Escola Portuguesa de Moçambique. Casada e mãe de duas jovens adolescentes, dirigente no agrupamento de escuteiros do Corpo Nacional de Escutas, faz voluntariado e já viajou pelos cinco continentes, sozinha, em família ou com amigos. É sobrinha-bisneta do aviador António Brito Pais. 

 

Da autoria de Filipa Brito Pais (texto) e Leonor Almeida (ilustração) foi recentemente publicado o livro A Aventurosa Viagem do Pátria. De Portugal a Macau em Avião (1924), viagem épica que comemora 100 anos.

 

Como nos apresenta este livro? Este livro é dedicado ao meu tio. Tal como ele conseguiu cumprir um sonho, o de voar, esta obra é uma forma de cumprir o dever de memória a que me propus – elevar o legado deixado por Brito Pais, Sarmento Beires e Manuel Gouveia. Ao completarem o primeiro raide aéreo Lisboa-Macau, em 1924, estes heróis nacionais, apagados da memória dos portugueses, viveram uma aventura épica e deixaram inscrito o nome de Portugal na história da aviação mundial. Sem apoios financeiros e com um avião velho e pesado, voaram sobre territórios que até então nunca ninguém tinha ousado sobrevoar, nunca desistindo perante as muitas adversidades com que se depararam. Com este livro procurei narrar a sua extraordinária façanha e o seu amor à pátria, mas, também, mostrar que nunca devemos desistir dos nossos sonhos.

 

Qual a “moral” deste fantástico episódio da história de Portugal?A moral deste livro é a que sempre transmito aos meus alunos: nunca deixar de sonhar e voar mais alto, que na vida devemos sempre lutar para conseguir alcançar os nossos objetivos e que nunca devemos desistir perante as adversidades. Se estes heróis conseguiram chegar a Macau, e podiam ter desistido, por imensas vezes, nós também conseguimos cumprir o nosso sonho. Basta querermos.

A viagem aérea retratada nesta obra iniciou-se na planície de Coitos, em Vila Nova de Milfontes, Odemira. Considera que está este episódio suficientemente recordado e valorizado na região? A Câmara de Odemira tem feito um trabalho fantástico com as comemorações do centenário, junto com a Força Aérea Portuguesa, Museu do Ar e Universidade do Porto. O monumento no largo Brito Paes, no largo da Barbacã, em Vila Nova de Milfontes, honra estes heróis e a partida do “Pátria” daquela localidade. Propusemos à autarquia, e sei que estão a tratar do assunto, a criação de um polo interpretativo da viagem na casa onde ficaram alojados os aviadores e onde foi tomado o pequeno-almoço, antes da viagem, preparado pela minha tia Céu, irmã do aviador Bito Pais, relatado por Sarmento Beires no livro De Portugal a Macau.

 

Que viagem apreciaria que este livro fizesse? Gostaria que todos os portugueses conhecessem e honrassem esta história. Em Macau a história é valorizada e conhecida da maioria da população. E da mesma forma que sabemos que Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para a Índia, Gago Coutinho e Sacadura Cabral fizeram a primeira viagem transatlântica, etc., também esta viagem faz parte da história de Portugal e deverá ser valorizada, enquanto tal. Brito Pais, Sarmento Beires e Manuel Gouveia realizaram o “impossível” e descobriram o caminho aéreo para a Índia e Macau. Se hoje a aviação é como é devemo-la aos heróis nacionais e internacionais, a todo os pioneiros da aviação. José Serrano

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