Alexandra Santos Rosa
59 anos, natural de Beja
É doutorada e mestre em Sociologia da Família e da População, pós-graduada em Educação Especial e licenciada em Educação de Infância e Serviço Social. É uma apaixonada pelas artes, às quais tem dedicado grande parte da sua vida. É autora dos livros A Girafa Maria (2011), Natal Também é Fado (2012) e A Princesa Magalona (2014). Desempenha funções como docente de educação especial no Agrupamento de Escolas n.º 2 de Beja.
Está patente até dia 7 de janeiro, no Museu Municipal de Vidigueira, uma exposição de presépios da autoria de Alexandra Santos Rosa.
Como nos descreve esta exposição?
Esta exposição reúne trabalhos que representam várias fases da minha vida artística, desde os primeiros passos na minha paixão por esta arte até às criações mais recentes. Inclui algumas peças que considero profundamente representativas do meu trabalho, tanto que nunca consegui vendê-las devido ao seu significado afetivo – guardei-as até hoje. Além dessas, há também trabalhos mais recentes que estão disponíveis para venda. Para além dos presépios, esta exposição apresenta outros elementos ligados a esta época especial, como árvores de Natal e meninos Jesus, entre outros.
O que a atrai, sobretudo, na representação da Natividade?
A Natividade, para mim, simboliza a vida, a renovação e a esperança de um mundo melhor – aquele que Jesus preconizou. É uma mensagem de paz, equilíbrio e um convite à reflexão sobre os valores essenciais da humanidade.
Para além da interpretação do nascimento de Jesus Cristo, há algo mais que procura, implicitamente, incluir nestes seus trabalhos?
Se olharem com atenção, perceberão que tento representar, de forma idealizada, a felicidade, o amor e a harmonia que deveriam existir em todas as famílias, independentemente da sua configuração. Procuro transmitir a infância feliz que todas as crianças merecem viver e criar um mundo encantado que, infelizmente, só existe na imaginação. Desde sempre tentei passar aos meus filhos a magia desta época e a capacidade de sonhar. Acredito que essa aptidão nos ajuda a enfrentar as dificuldades da vida.
A multiplicidade de formas e materiais utilizados nos seus presépios reflete uma busca pela “perfeição” desta representação cristã?
A diversidade enriquece. Por isso, incluo nos meus trabalhos uma variedade de técnicas e materiais, com especial destaque para os têxteis, pois, ao “vestir” as figuras, sinto que elas se tornam mais humanas, mais próximas de nós. Além disso, os têxteis conferem uma aparência mais “quente” e acolhedora, ao contrário de outros materiais que podem parecer mais frios. Cada peça é inteiramente executada por mim, desde a estrutura até aos detalhes mais minuciosos. Este processo envolve inúmeras horas de trabalho, anos de dedicação, pesquisa, experimentação e aprendizagem constante.
Que sentimento gostaria que os visitantes desta mostra sentissem ao admirar as suas peças?
Ao longo dos anos recebi inúmeras mensagens maravilhosas, pessoalmente e nos livros de visitantes das exposições que realizei. Contudo, uma delas, escrita por um grupo de caravanistas que visitou uma das minhas exposições, em Portel, ficou profundamente gravada na minha memória: “O Céu passou por aqui”. Esse é o sentimento que espero despertar – a sensação de algo mágico, sublime e inesquecível.
José Serrano