Diário do Alentejo

Cimbal assegura novas instalações do Banco Alimentar Contra a Fome

30 de novembro 2024 - 08:00
Foto | Ricardo ZambujoFoto | Ricardo Zambujo

O Banco Alimentar Contra a Fome de Beja já não fechará portas no final do ano. Ainda que tenha de sair das atuais instalações, a Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo decidiu adquirir um outro armazém, próximo do local, para cedê-lo gratuitamente e “durante o período necessário” à associação.

 

Texto Ana Filipa Sousa de Sousa

 

O presidente da Comunidade Inter-municipal do Baixo Alentejo (Cimbal), António Bota, confirmou ao “Diário do Alentejo” (“DA”) que a comunidade aprovou em reunião extraordinária, na passada segunda-feira, dia 25, adquirir um armazém na cidade de Beja para o ceder, gratuitamente, ao Banco Alimentar Contra a Fome de Beja. Em causa estava o possível encerramento da resposta após o proprietário das atuais instalações ter informado que não renovaria o contrato de arrendamento porque “o espaço foi vendido a outra entidade”.

“Já decidimos adquirir. Fizemos uma reunião extraordinária para colocar em orçamento a verba necessária, falta agora só definir a metodologia em que o vamos adquirir, ou seja, se é imediato, com um leasing ou com um empréstimo bancário. Tivemos conhecimento da situação há 15 dias e agimos de imediato”, garante.

As novas instalações, segundo adianta, são “na mesma zona de armazéns”, a “praticamente 50 metros” das atuais e dizem respeito a “um antigo armazém de mobiliário”.

Para José Tadeu Freitas, presidente da Associação Recolher e Dar, que acolhe a marca Banco Alimentar Contra a Fome na região, esta decisão foi “a melhor”, uma vez que, “em média”, transferem para os concelhos da área de abrangência da Cimbal “entre 250 a 300 mil euros em alimentos”, o que, a encerrar, teria “um impacto muito significativo” para os municípios.

“Aquilo que é importante de se entender é que chegou o momento em que, efetivamente, tínhamos de deixar as instalações e chegou também o momento, passados quase quatro anos de negociações, em que a Cimbal percebeu a importância que tem o banco alimentar para os concelhos”, admite o responsável ao “DA”. E acrescenta: “[Esta opção] é a que nos parece melhor, inclusivamente, [quando comparada com] a outra solução de ser o próprio banco alimentar a adquirir [umas instalações] com um subsídio estatal. Parece-me que se ficar na Cimbal é claramente melhor para o País e isso é o que é importante também”.

O novo espaço também contará com uma câmara de frio que possibilitará, segundo José Tadeu Freitas, “garantir produtos frescos que possam ser doados até serem transferidos para as instituições”. “Esta era uma lacuna que o banco alimentar tinha. Não será uma câmara enorme, será até relativamente pequena, [mas] permitirá três, quatro ou cinco paletes de alimentos frescos, como é o caso de iogurtes e fruta”, esclarece. E conclui: “No próximo ano teremos aquilo que já pedíamos há muitos anos, [ou seja] instalações próprias, com mais condições, com melhores acessos [e] com melhores capacidades de receber mais alimentos e transferi-los para as famílias”.

Neste fim de semana haverá campanha de recolha nos supermercados e o responsável apela à mobilização da comunidade, relembrando que “o que nos dão nos supermercados é cerca de 45 por cento daquilo que a gente dá anualmente [e] se essa percentagem diminuir, estamos a diminuir, naturalmente, o apoio que podemos dar às famílias”.

De acordo com os dados do Banco Alimentar Contra a Fome de Beja, em 2023, “foi possível apoiar mensalmente, na área da Cimbal, 3350 pessoas em alimentos através das instituições beneficiárias”, acrescendo a este número “aquelas que beneficiam pontualmente de alimentos frescos que se encontram nas instituições”. A estrutura conta, atualmente, com perto de duas dezenas de voluntários “fixos”, que “ajudam a fazer os cabazes” mensais.

 

Banco alimentar terá uma “base de dados” para contabilizar respostas

 

A Santa Casa da Misericórdia de Beja irá apoiar o Banco Alimentar Contra a Fome de Beja com a criação de uma “base de dados” que permitirá, com o suporte das instituições que auxilia, contabilizar estatisticamente o apoio que é prestado mensalmente. “Isso vai nos garantir uma maior capacidade de resposta naquilo que são as necessidades do próximo mês”, esclarece José Tadeu Freitas, responsável pelo banco alimentar.

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